São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996
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FHC diz que não vai ceder a pressão

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que o governo -em especial a equipe econômica- não vai comprometer a estabilização econômica e ceder à pressão dos governadores para "dar facilidades" aos Estados.
A afirmação foi feita durante cerimônia no Palácio do Planalto, onde estava presente o ministro da Fazenda, Pedro Malan. No momento em que fez a recomendação, FHC dirigiu o olhar a Malan.
"Só foi possível descortinar este novo país por causa da estabilização da moeda, porque nós combatemos a inflação e porque nós não cedemos às pressões para dar facilidades, hoje, que corroem a moeda amanhã", disse FHC.
Em seguida, o presidente completou: "E não vamos ceder. Os ministros da área (econômica) sabem que o presidente jamais fez pressão nesse sentido. Se o presidente não fez, não serão os governadores que farão".
Reunião
Em reunião realizada em São Paulo na segunda-feira, governadores decidiram evitar contatos com a equipe econômica e negociar a rolagem de suas dívidas diretamente com o Senado e com o presidente da República.
Os governadores querem ainda que o Senado aprove projeto de lei que dá condições mais favoráveis para o financiamento da dívida dos Estados. O porta-voz dessas decisões foi o governador petista do Espírito Santo, Vitor Buaiz.
FHC soube dos bastidores da reunião por relato feito pelo governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), e aproveitou ontem para reagir às decisões.
"Os governadores podem fazer (pressão), mas não será por aí o caminho, porque o caminho é o do entendimento, é o da busca efetiva da compreensão, da necessidade do ajuste econômico, das reformas constitucionais, da continuidade de uma luta tenaz pela estabilização da moeda, porque foi ela que garantiu a existência, hoje, de recursos (para o combate ao desemprego)", afirmou FHC.
Majestade
Poucos momentos antes, FHC disse que se orgulhava de estar lançando uma série de programas, com milhares de reais em recursos, e que -ao contrário do início do governo- não tinha dúvidas de que podia fazer com que os programas fossem cumpridos.
"Nós estamos fazendo. E, quando eu digo 'nós', e 'nós' mesmo. Não vão me interpretar como plural majestático. Não é isso, não. Somos nós, é o Brasil inteiro que, realmente, tomou um rumo", disse o presidente.

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