São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996
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Comissão aprova reforma administrativa

DANIELA PINHEIRO
FERNANDO GODINHO

DANIELA PINHEIRO; FERNANDO GODINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

PPB vota a favor, mas tentará derrubar quebra da estabilidade por temer reflexo negativo na eleição em SP

Depois de 15 mesesde tramitação, o governo conseguiu aprovar ontem, em comissão especial da Câmara, a emenda constitucional da reforma administrativa.
O relatório do deputado Moreira Franco (PMDB-RJ) obteve 18 votos a favor e 11 contra. Os 23 destaques de votação (que podem alterar o texto do relator) começam a ser analisados na terça-feira.
Depois de votados os destaques, a emenda ainda tem de ser aprovada em dois turnos no plenário da Câmara para, então, ser encaminhada ao Senado.
Eleições
O segundo turno das eleições municipais em São Paulo e no Rio quase impediu a votação.
O PPB, que disputa o segundo turno em São Paulo, com Celso Pitta, e apóia o candidato Sérgio Cabral Filho (PSDB) no Rio, queria adiar a sessão para depois de 15 de novembro.
O partido não concorda com a quebra da estabilidade no emprego do servidor, o fim da isonomia salarial entre os três Poderes, o limite de R$ 10.800 nos salários e a proibição de acúmulo de cargos -pontos previstos no relatório.
Temendo a repercussão do apoio ao texto, os pepebistas -que integram a base governista no Congresso- decidiram só participar da votação se pudessem apreciar os destaques ontem mesmo.
Caso contrário, ameaçavam obstruir a votação. Mas o líder do governo na Câmara, deputado Benito Gama (PFL-BA), garantiu que a votação dos destaques aconteceria na próxima semana, antes do segundo turno das eleições.
Com isso, o PPB acabou votando a favor do relatório, mas promete tentar derrubar os pontos que considera polêmicos na votação dos destaques. "Temos que ganhar a eleição em São Paulo", dizia o deputado Gérson Peres (PPB-PA), que liderou o partido na sessão de ontem.
Para não dar munição aos adversários na eleição paulistana, o vice de Celso Pitta, deputado Régis de Oliveira (PFL-SP), votou contra o relatório -contrariando a orientação de seu partido.
Bresser
O ministro Luiz Carlos Bresser Pereira (Administração e Reforma do Estado) disse não ter havido quebra da estabilidade.
"Haveria se o que tivesse sido aprovado fosse nos moldes da iniciativa privada, onde o empregado não tem como se defender", afirmou o ministro.
Ele telefonou para o relator Moreira Franco para dar parabéns a ele. "O mais difícil para mim foi hoje (ontem). Tenho certeza de que os destaques serão rejeitados e a votação no plenário será facílima", disse.

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