São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para comando do PT em SP, voto nulo não tem respaldo da base do partido

EMANUEL NERI

EMANUEL NERI; FRANCISCO CÂMPERA
DA REPORTAGEM LOCAL

Opção de diretórios municipais deve dificultar apoio tucano a Erundina, reconhecem líderes

FRANCISCO CÂMPERA
A campanha de Luiza Erundina (PT) sofre efeitos negativos de decisões como a do PT do Rio, que optou pelo voto nulo no segundo turno. A determinação fortalece o argumento de tucanos contrários ao apoio à petista em São Paulo.
"Trata-se de um combustível a mais para a retórica daqueles que são contra o apoio do PSDB a Erundina", afirma Pedro Dallari, do comando da campanha petista. Jilmar Tatto, coordenador da campanha, tem a mesma opinião.
"Isso pode servir como mais um argumento para o PSDB não nos apoiar", diz Tatto. "Mas não acho que isso seja determinante na decisão dos tucanos." Independentemente disso, acreditam que o PSDB deve apoiar Erundina.
Na opinião de Dallari, decisões como a do PT do Rio não têm respaldo da base do partido. É o mesmo caso de São Bernardo do Campo, onde também há tendência pelo voto nulo no segundo turno.
Para Dallari, falta "sintonia" entre decisões de instâncias do PT e a base partidária. No caso de São Bernardo, o PSDB disputa o segundo turno com Maurício Soares, primeiro prefeito local do PT.
"As direções do PT tomam posições pelo voto nulo. Mas os eleitores não seguem essa orientação", diz Dallari. Para ele, isso já ocorreu em 90, quando o PT recomendou o voto nulo no segundo turno da eleição para o governo paulista.
Na época, segundo Dallari, o eleitorado do PT votou maciçamente em Luiz Antonio Fleury Filho para evitar a vitória de Paulo Maluf. A exemplo de 90, ele acredita que, este ano, petistas do Rio e de São Bernardo não votarão nulo.
"No caso de São Bernardo, não importa a decisão. Lideranças expressivas já decidiram votar em Maurício", diz. Segundo Dallari, Luiz Inácio Lula da Silva, Jair Meneguelli, Vicente Paulo da Silva e Djalma Bom vão votar no tucano.
Há possibilidade de entendimento entre PT e PSDB em outras cidades onde os tucanos necessitam dos votos petistas. É o caso de São José dos Campos e Sorocaba. Em Campinas, deve sair voto nulo.
Novos apoios
Erundina recebeu ontem a adesão do deputado estadual César Callegari (PMDB) e do escritor Fernando Morais. Líderes sindicais também apoiaram a petista.
Erundina voltou a reconhecer falhas em sua primeira gestão (89-92) na prefeitura paulistana.
"Fomos estreitos na época (primeira gestão) governando sozinhos", afirmou a petista. Por isso, disse que fará alianças "não só para vencer as eleições, mas também para participar do meu governo".

Texto Anterior: Protesto contra extinção da Funai marca início dos Jogos Indígenas
Próximo Texto: Empresa de Essen retifica informação de desativação do sistema 'Fura-Fila'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.