São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996
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Eizo Sugawa traz ao Brasil seu cinema inconformista

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DE CINEMA

Ninguém estranhe se a grande revelação da 20ª Mostra for um senhor nascido em 1930, que faz filmes desde 1956. Eizo Sugawa é um cineasta pouco conhecido mesmo no Japão.
Retirado do meio cinematográfico, foi localizado pela delegação brasileira que esteve no Japão em 1995, graças à insistência do cineasta Carlos Reichenbach e ao esforço do sr. Kusakabe, ex-diretor do Festival de Tóquio, onde Sugawa conversou com a Folha.
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Folha - Há quem diga que seu trabalho não foi mais valorizado no Japão porque a Toho, seu estúdio, privilegiava os diretores já consagrados.
Eizo Sugawa - A Toho daquela época tinha diretores como Kurosawa, Shiro Toyoda, Hiroshi Inagaki. Era natural que investisse mais neles.
Folha - O sr. foi assistente de Mikio Naruse, um dos mestres do intimismo japonês.
Sugawa - Meus filmes são muito diferentes dos de Naruse. Mas hoje, quando os revejo, noto que me deixou muitas marcas. Penso que meus filmes mais recentes são mais próximos de Naruse. Hoje, sou mais capaz de entendê-lo.
Folha - Seus filmes deixam a impressão de que ninguém soube filmar Tóquio tão bem quanto o sr., em filmes como "Morte à Fera" (1959).
Sugawa - De lá para cá, o Japão mudou muito. Naquele tempo, o sonho dos jovens japoneses era pegar um avião, um quadrimotor, e ir para os EUA. Hoje, os quadrimotores nem existem mais.

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