São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996
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Loach assume o engajamento

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Não há em atividade cineasta mais assumidamente engajado do que Ken Loach. Só mesmo ele para, em plena crise das esquerdas pós-1989, enfileirar filmes sobre os deserdados de Thatcher ("Chuvas de Pedras" e "Raining Stones"), as cisões socialistas na guerra civil espanhola ("Terra e Liberdade") e, agora, o patrocínio dos "contras" nicaraguenses pela CIA em "A Canção de Carla". E seu próximo projeto, como revelou à Folha no mês passado em Veneza, é um elogio ao trabalho dos portuários de Liverpool. Militância é isso.
"A Canção de Carla" é um misto do Loach retratista da classe trabalhadora com o Loach historiador.
Na primeira parte, acompanha-se o encontro, na Glasgow (Escócia) de 1987, entre George (Robert Carlyle, de "Trainspotting"), um simpático motorista de ônibus, e Carla (Oyanka Cabezas), uma refugiada nicaraguense.
Na segunda, já em 1988, George e Carla viajam para a Nicarágua em busca de Antonio, militante sandinista e ex-"companheiro" de Carla. O mistério central é a violenta circunstância da separação.
Perguntei a Loach em Veneza sobre certo maniqueísmo do filme: "Acho que isso está bem no filme", afirmou o cineasta. "Mostramos que os 'contras' são nicaraguenses. O que é inegável é que não haveria o fenômeno dos 'contras' como o conhecemos, com suporte militar, sem o financiamento pela CIA."

Filme: Canção de Carla
Produção: Inglaterra, 1996, 127 min.
Direção: Ken Loach

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