São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
A colorida 'Garota 6'
MURILO GABRIELLI
Neste "Garota 6" o norte-americano narra a trajetória de uma atriz que trabalha em um serviço de tele-sexo para conseguir sobreviver. Incapaz de construir relacionamentos amorosos, ou qualquer outro tipo de atividade social, a protagonista se torna uma obcecada por sua ocupação, aumentando assim seu isolamento e alienação. Lee tenta atirar para todos os lados: a solidão nas grandes cidades, a repulsa puritana ao sexo e as perversões que daí derivam, o trabalho como droga escapista e, é claro, a questão racial. Nem seu vastíssimo repertório consegue impedir que o tédio da personagem central em diversas ocasiões contagie o público. Mas mesmo que muitas vezes não encontre a solução ideal e leve "Garota 6" perder o ritmo, o cineasta não se furta a ousar. O conjunto desigual, portanto, não obscurece totalmente alguns momentos de puro brilho. Está lá exuberância visual de sempre, um cuidadoso projeto estético que jamais se confunde com afetação, com a desonesta tentativa de sedução fácil do espectador. Lee é um mestre da cor e um dos poucos realizadores a utilizar como eficiente elemento narrativo a trilha sonora -neste caso, a cargo do ex-Prince. O viço de "Faça a Coisa Certa" -que parecia ter sido resgatado em "Irmãos de Sangue"- pode ter se esvaído, mas Spike Lee ainda está anos-luz à frente da produção média norte-americana. Filme: Garota 6 Produção: EUA, 1996, 118 min. Direção: Spike Lee Elenco: Theresa Randle, Isaiah Washington, Spike Lee Texto Anterior: Cinqué Lee segue "Depressa Pra Lugar Nenhum" Próximo Texto: GAY CUBA; GHOSTIN THE SHELL; GUY; HARD CORE LOGO Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |