São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Diretor da solidão e ceticismo
AMIR LABAKI
Seus três filmes seguintes formam um afresco sobre a história grega deste século, marcada por ditaduras, resistências, a ocupação nazista, uma guerra civil. "Dias de 36" (1972) focaliza o sequestro de um senador reacionário às vésperas da ascensão autoritária ao poder do general Metaxas. A consagração, com o seu primeiro prêmio da crítica em Cannes, veio com "A Viagem dos Comediantes" (1975), que acompanha numa narrativa acronológica um teatro itinerante. Fecha o ciclo "Os Caçadores" (1977). Seu filme seguinte, "Alexandre o Grande" (1980), marca o desencanto ideológico de Angelopoulos no resgate da história de um bandido popular que se torna tirano. Vale-lhe o Leão de Ouro em Veneza. "Viagem a Citara" (1984) é o irmão mais próximo de seu mais recente filme, "Um Olhar a Cada Dia" (1995). No primeiro, um cineasta exilado retorna a seu país para um balanço de vida que passa por um filme sobre seu pai. No segundo, a viagem de volta ao passado de outro cineasta, após trinta anos de auto-exílio nos EUA, combina-se a um retrato poderoso da guerra civil na ex-Iugoslávia. A busca do pai de "Viagem a Cítara" é ainda o centro de "Paisagem na Neblina" (1988). A figura do artista desesperançado já marcava "O Passo Suspenso da Cegonha" (1991). Os grandes temas do Angelopoulos maduro cristalizam-se: a busca das raízes, o poder da memória, o ceticismo companheiro da solidão, a arte como refúgio provisório, as fronteiras entre mito e história. (AL) Texto Anterior: "O meu é um cinema da memória", diz Angelopoulos Próximo Texto: SEXY SADIE; SIDARTA; SIGILO ABSOLUTO; SOB O SIGNO DA ÁGUA; SONATINE Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |