São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996
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Diretor da solidão e ceticismo

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Formado originalmente em direito, Théo Angelopoulos partiu em 1962 para estudar cinema em Paris no IDHEC (Instituto de Altos Estudos Cinematográficos).
Seus três filmes seguintes formam um afresco sobre a história grega deste século, marcada por ditaduras, resistências, a ocupação nazista, uma guerra civil.
"Dias de 36" (1972) focaliza o sequestro de um senador reacionário às vésperas da ascensão autoritária ao poder do general Metaxas. A consagração, com o seu primeiro prêmio da crítica em Cannes, veio com "A Viagem dos Comediantes" (1975), que acompanha numa narrativa acronológica um teatro itinerante. Fecha o ciclo "Os Caçadores" (1977).
Seu filme seguinte, "Alexandre o Grande" (1980), marca o desencanto ideológico de Angelopoulos no resgate da história de um bandido popular que se torna tirano. Vale-lhe o Leão de Ouro em Veneza.
"Viagem a Citara" (1984) é o irmão mais próximo de seu mais recente filme, "Um Olhar a Cada Dia" (1995). No primeiro, um cineasta exilado retorna a seu país para um balanço de vida que passa por um filme sobre seu pai.
No segundo, a viagem de volta ao passado de outro cineasta, após trinta anos de auto-exílio nos EUA, combina-se a um retrato poderoso da guerra civil na ex-Iugoslávia.
A busca do pai de "Viagem a Cítara" é ainda o centro de "Paisagem na Neblina" (1988). A figura do artista desesperançado já marcava "O Passo Suspenso da Cegonha" (1991). Os grandes temas do Angelopoulos maduro cristalizam-se: a busca das raízes, o poder da memória, o ceticismo companheiro da solidão, a arte como refúgio provisório, as fronteiras entre mito e história.
(AL)

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