São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996
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Vinogradov é destituído do Ballet Kirov

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Oleg Vinogradov, o todo-poderoso diretor artístico do Ballet Kirov, acaba de ser destituído do cargo. Makhar Vaziev, desde 1970 um dos principais bailarinos da companhia, é o novo responsável pela direção administrativa, tendo como assistente Faruk Ruzimatov, estrela do elenco.
Depois de um controverso "reinado" que começou em 1977, Vinogradov foi afastado do antigo cargo e nomeado coreógrafo principal em julho passado, pelo presidente Boris Yeltsin.
Em entrevista à Folha, por fax, Vinogradov não deu respostas sobre suas ligações com a organização religiosa norte-americana dirigida pelo reverendo Moon, que supostamente estaria financiando um segundo elenco do Kirov em Washington (EUA).
Tampouco falou sobre os motivos que resultaram em sua substituição na direção do Kirov. Apesar da influência que sempre exerceu sobre a companhia e do jogo de poderes que conseguiu articular à sua volta, Vinogradov vinha caindo em desgraça.
Em 95, o elenco fez greve em protesto contra o não-recebimento de cachês de temporadas internacionais, que não eram repassados aos bailarinos por Vinogradov. Leia a seguir, trechos das respostas que Vinogradov escolheu dar à Folha.
*
Folha - O que o senhor ainda pretende fazer pelo Kirov, como coreógrafo principal?
Oleg Vinogradov - Manter, conservar e salvaguardar a companhia, pois a situação da Rússia hoje está muito estranha e complicada. O principal é manter o Kirov intacto, sem evasões.
Folha - Qual o atual papel do Kirov no panorama internacional da dança?
Vinogradov - É líder absoluto na tradição internacional da dança clássica. Nenhum balé do mundo nos supera no repertório clássico.
Folha - O senhor acredita que o repertório do Kirov continuará fazendo sucesso no próximo milênio?
Vinogradov - Cada vez mais tenho essa certeza. O repertório do Kirov é como as obras de Raphael, Michelangelo, Ticiano, que são sempre admiradas.
Folha - Como está sua atuação em Washington, onde o senhor pretende formar um segundo elenco Kirov?
Vinogradov - Há seis anos fundei uma escola Kirov em Washington, com o suporte da Fundação Universal de Balé.
Tenho levado para lá professores da Rússia e estamos implantando o método Vaganova. Já temos alguns alunos que obtiveram prêmios em concursos internacionais. Da América do Sul temos mais ou menos 250 alunos.
Folha - Quais suas principais conquistas durante os quase 20 anos na direção do Kirov?
Vinogradov - Creio que foi renovar o corpo de baile, mantendo a tradição e o tornando líder absoluto do balé clássico no mundo.
Também abri as portas para novas coreografias, convidando Maurice Béjart, Balanchine, Jose Antonio, Roland Petit, Jerome Robbins. Com isso, mostrei que o Kirov pode ser totalmente eclético.

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