São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996 |
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Reino Unido proíbe o porte de armas
LUCIA MARTINS
As medidas entram em vigor até o final do ano. Cerca de 160 mil armas deverão ser destruídas, e a pena para quem usar uma arma ilegal será ampliada para 7 a 10 anos de prisão. Hoje, na maioria dos casos, é fixada apenas uma fiança para quem mantém uma arma ilegal. A decisão é resultado da pressão de grupos antiarmas de Dunblane (Escócia), onde em março deste ano 16 crianças foram assassinadas dentro de uma escola primária. Segundo a nova lei, nenhum britânico terá permissão para ter arma de fogo em casa. "Defesa pessoal não será mais argumento aceito para ninguém ter uma arma na sua residência", disse ontem o ministro do Interior, Michael Howard, que anunciou as medidas. Policiais e militares serão os únicos que poderão ter armas de alto calibre. Mesmo as armas olímpicas serão mais controladas. Hoje, 57.510 pessoas têm autorização para portar uma arma no Reino Unido -1 em cada 1.000 habitantes. As mudanças na lei serão incluídas no discurso que a rainha Elizabeth 2ª deverá fazer na quarta-feira da semana que vem. O lobby antiarmas começou a ser articulado pelos pais das crianças mortas em Dunblane, que conseguiram o apoio de Michael Forsyth, ministro para a Escócia. Na última semana, o movimento obteve a aprovação dos rivais conservadores e trabalhistas -às vésperas das eleições gerais não seria muito popular para nenhum dos dois partidos se opor à proibição. "Acredito que, se o porte de armas fosse mais controlado, as crianças estariam vivas hoje", disse à Folha Ann Pearston, 40, organizadora da campanha de controle de armas de Dunblane. Anteontem à noite, o chefe-adjunto da polícia da Escócia, Douglas McMurdo, pediu demissão. McMurdo foi o responsável pela renovação da licença de porte de Thomas Hamilton, assassino das crianças de Dunblane. Para o presidente da Shooters Rights Association, Richard Law, a proibição do porte não resolve o problema do uso ilegal de armas no país. A associação reúne 60 mil atiradores. "Estamos sendo punidos por uma coisa que não fizemos. O que eles deveriam fazer é agravar as penas para quem tem uma arma ilegal", disse. Segundo ele, a proibição total já se mostrou ineficiente em 1888, quando as armas foram banidas do Reino Unido pela primeira vez. "A proibição vai estimular ainda mais o tráfico de armas." Segundo ele, há no país 4 milhões de armas de fogo ilegais. Texto Anterior: Ministro acusa Lebed de tramar golpe Próximo Texto: As armas no Reino Unido* Índice |
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