São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996
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Ministro acusa Lebed de tramar golpe

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O ministro do Interior da Rússia, Anatoli Kulikov, acusou o general Alexander Lebed de tramar um golpe de Estado. Lebed se tornou o homem forte do país após ser o terceiro mais votado nas eleições presidenciais deste ano.
"Ele disse que se tornaria presidente antes do fim do atual mandato. É claro que isso só pode ser alcançado por meios inconstitucionais", disse Kulikov, em uma das mais graves crises internas do governo de Boris Ieltsin.
Lebed é o secretário-geral do Conselho de Segurança do país -isto é, principal assessor do governo para assuntos militares; Kulikov, como ministro do Interior, comanda parte das tropas.
O ministro ordenou que a segurança no interior seja reforçada. Ele disse que teme ataques de separatistas da Tchetchênia -conflito do qual Lebed é o mediador.
Lebed prometeu ir à Justiça contra as acusações de Kulikov. "Ou Kulikov se demite ou eu me demito". O premiê Viktor Tchernomirdin convocou reunião para discutir a crise, com a presença de Kulikov, mas não de Lebed.
O presidente Ieltsin pediu explicações ao ministro do Interior. Ele está parcialmente afastado do governo enquanto se prepara para uma cirurgia cardíaca.
Kulikov acusou Lebed de estar usando seu posto no Conselho de Segurança para criar uma estrutura de poder ao seu redor.
Aparentemente, há uma disputa entre os dois pelo controle do poderio militar russo.
Em seu atual cargo, Lebed não tem comando sobre os militares -apenas poder político junto a Ieltsin. Já Kulikov comanda 230 mil homens, sem artilharia pesada, tanques ou aviões de combate.
Resta o Ministério da Defesa, que controla 1,5 milhão de soldados e o armamento pesado, e o Serviço Federal de Segurança (herdeiro da KGB soviética).
O ministro da Defesa, Igor Rodionov, e o chefe do Serviço Federal de Segurança, Nikolai Kovalev, também foram convocados para a reunião com Tchernomirdin.
Rodionov se encontrou ontem com o secretário de Defesa dos EUA, William Perry, que está em Moscou para discutir a ratificação no Parlamento do tratado de desarmamento nuclear Start-2.
Kulikov disse que Lebed planeja criar um corpo de elite e, com a ajuda de 1.500 rebeldes tchetchenos, fazer uma rebelião.
Assessores de Lebed disseram que todos os planos de Lebed para a criação de uma nova força foram discutidos com Kulikov. A agência de notícias "Interfax" divulgou declarações do comando rebelde tchetcheno negando participação em um suposto golpe em curso.
A disputa pelo poder interno na Rússia cresceu com a internação de Ieltsin. O Kremlin disse que várias atribuições foram transferidas para Tchernomirdin, Lebed e para Anatoli Tchubais, principal assessor de Ieltsin, mas que o presidente continua à frente das decisões.
Ontem, Ieltsin se encontrou com o presidente da vizinha Belarus, Anatoli Lukachenko, na clínica. A TV mostrou Ieltsin movendo-se lentamente e com olhos inchados.

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