São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996
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Sucessão na Câmara

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - A exemplo do que acontece no Senado, a disputa pela presidência da Câmara está embolada. A eleição para o cargo será na primeira semana de fevereiro do ano que vem.
Ontem, a bancada do PMDB tomou algumas decisões. Podem tanto clarear como escurecer de vez a sucessão de Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), o atual presidente.
Em resumo, o PMDB marcou uma reunião de sua bancada para 27 de novembro. Os deputados escolherão um candidato único do partido.
A seguir, as repercussões:
1) Michel Temer, líder do PMDB na Câmara, vai ganhar fácil a indicação. Como líder, ele tem o poder de indicar seus liderados para cargos nas comissões. Dá aos deputados seus 15 minutos de fama. Poucos teriam coragem de não escolhê-lo;
2) Para dar mais credibilidade à vitória de Temer, o deputado Ronaldo Perim (MG) também vai concorrer. E vai perder. Temer dirá que foi uma disputa democrática;
3) O PMDB tem outros dois candidatos: Paes de Andrade (CE) e Luiz Carlos Santos (SP). Eles não vão participar da prévia. Ficarão de fora fazendo fosquinha, como diria FHC. Paes, com chances reduzidas, tentará vencer Temer no plenário da Câmara. Santos atacará Temer nos bastidores;
4) Inocêncio Oliveira, candidato do PFL, soltou rojões. Vai dizer que os peemedebistas estão rachados. E que o PFL não pode respeitar uma promessa de apoiar o PMDB. "Eles têm vários candidatos", será o argumento. Disputará contra Temer no plenário;
5) No Senado, os candidatos do PMDB à presidência da Casa estão bravos. Jader Barbalho (PA) e Iris Rezende (GO) sabem que suas chances despencam se um peemedebista presidir a Câmara;
6) Outros candidatos embolam mais a disputa. São eles: Wilson Campos (PSDB-PE) e Prisco Viana (PPB-BA).
*
As conclusões. Hoje, Temer é um candidato fortíssimo. Muita água ainda vai rolar. A sucessão da Câmara não clareia antes de janeiro.

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