São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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Senadores 'disfarçam' carros oficiais

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os senadores descobriram uma forma de circular por Brasília nos carros oficiais sem serem identificados como parlamentares.
Estão trocando as placas de representação do veículo, que são pretas com letras em bronze, pelas placas oficiais brancas, utilizadas por todo o serviço público.
As placas de representação trazem as letras "SF" destacadas, evidenciando que o veículo pertence ao Senado Federal e destina-se ao uso dos senadores.
Segundo o Serviço de Transportes da Casa, 6 dos 81 senadores já substituíram as placas de representação pelas brancas; outro -José Bonifácio (PPB-TO)- acaba de pedir o serviço.
O pedido de Bonifácio foi o único indeferido. Segundo o primeiro secretário da Mesa Diretora do Senado, senador Odacir Soares (PFL-RO), "as placas brancas são de utilização da estrutura administrativa do Senado". "Sou obrigado a indeferir", completou.
Segundo ele, o objetivo do uso das placas de representação é exatamente "para não confundir a utilização do carro e evitar abusos". Ele disse que os pedidos anteriores não passaram por ele.
Segundo o diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, a troca das placas não é ilegal nem fere as normas do Senado. Os próprios senadores afirmam que o objetivo é fazer com que o carro seja confundido com qualquer veículo usado por servidores públicos.
"No carro com placas de representação do Senado, ficamos mais expostos. A autoridade do ocupante fica mais destacada. Se estamos em um carro com chapas brancas, pode ser qualquer servidor", afirmou Bonifácio à Folha.
"As chapas brancas são mais discretas. Nós não ficamos tão visados. As chapas pretas são mais chiques, mas queremos ser mais normais", disse Mauro Miranda (PMDB-GO), um dos seis senadores que optaram pelas placas brancas, segundo o documento do Serviço de Transportes.
Os outros são: Humberto Lucena (PMDB-PB), Coutinho Jorge (PSDB-PA), Flaviano Melo (PMDB-AC), José Bianco (PFL-RO) e Ramez Tebet (PMDB-MS).
O diretor-geral do Senado disse que as chapas de representação servem para que o carro seja identificado como de parlamentar, "para efeito de segurança". Mas a substituição pelas chapas oficiais "é uma opção do senador".
Tebet disse não saber por que seu carro não tem chapas de representação e que vai "se informar". Melo disse que, ao receber o carro, já veio com as chapas brancas.
Os outros senadores não foram encontrados pela Folha. Coutinho Jorge foi a Cuba. José Bianco pediu licença. Humberto Lucena foi a São Paulo fazer exames de saúde.

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