São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996 |
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No Brasil, só 50% apóiam democracia
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
Quanto à eficiência, só 20% se dizem satisfeitos com a democracia. A média sul-americana é 27%. Essa é uma das conclusões do Latinobarômetro, conjunto de pesquisas de opinião feitas entre junho e julho deste ano em 17 países latino-americanos e na Espanha -país desenvolvido usado como parâmetro para comparação. A preferência dos brasileiros pela democracia é menor do que a da média dos habitantes da América Latina (61%) e a da população de países que viveram sob regime militar até há poucos anos, como o Paraguai (59%). Um dos responsáveis pelo Latinobarômetro no Brasil, Orjan Olsén, diretor-executivo da CBPA, diz que provavelmente o apoio à democracia seria maior se a pesquisa fosse feita em todo país e não só nas regiões metropolitanas. "A visão é mais crítica nas grandes cidades", afirma. Ele lembra, porém, que a pesquisa foi feita em circunstâncias semelhantes na Argentina e em outros quatro países. Nos demais, foi nacional. Cientista Político e pesquisador do Idesp (Instituto de Estudos Econômicos Sociais e Políticos de São Paulo), o parceiro brasileiro do Latinobarômetro, Bolívar Lamounier diz que a preferência pela democracia é influenciada pela truculência e pelo êxito econômico dos regimes militares que estiveram no poder em cada país. A Argentina é o melhor exemplo. Lá, onde a repressão política foi muito violenta e os governos autoritários não foram bem sucedidos em sua política econômica, o apoio à democracia chega aos níveis mais altos: 71%. No Chile, a repressão foi tão violenta quanto no seu vizinho do outro lado dos Andes, mas o êxito econômico do governo do general Augusto Pinochet seria o responsável por uma preferência menor pelo regime democrático: 54%. O texto de introdução do Latinobarômetro usa o caso espanhol para afirmar que a preferência por esse sistema de governo cresce à medida que as práticas democráticas se consolidam. Na Espanha, 81% defendem a democracia, enquanto só 8% preferem o regime autoritário. Mas em 1985, aquele percentual era 12 pontos menor: havia 69% de preferência democrática. Blocos A pesquisa também avaliou o grau de conhecimento e apoio nesses países aos modelos de integração econômica. No geral, a percepção da população é que seus países se beneficiarão de acordos comerciais como o Mercosul. Embora o grau de conhecimento desses blocos econômicos só supere 50% quando o país faz parte dele. No Brasil, 69% disseram saber o que é Mercosul, mas 84% desconhecem o Pacto Andino, e 59% nunca ouviram falar do Nafta. Na parte econômica e social, os latino-americanos apontaram o desemprego e a educação como principais problemas. Com exceção do Chile e do Peru, onde a maioria acha que há progresso, no resto da América do Sul e no México a percepção das populações é que seus países estão economicamente estancados. Texto Anterior: PFL quer reeleição, mas rejeita reforma Próximo Texto: Democracia ou autoritarismo? Índice |
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