São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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Multinacional cobra R$ 5 mi de SP por acordo feito com gestão de Erundina

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A Shell cobra do prefeito Paulo Maluf (PPB), por intermédio de ação na Justiça, uma indenização por supostos prejuízos sofridos durante a administração da ex-prefeita Luiza Erundina (1989-92).
O processo tramita na 8ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo e deve ter o seu julgamento até o final do ano.
A empresa multinacional cobra R$ 5 milhões da prefeitura.
O dinheiro corresponde ao contrato assinado entre a Shell e a gestão de Erundina, em 12 de novembro de 1989, para a reforma no autódromo de Interlagos.
Segundo as cláusulas do negócio, a empresa bancaria as obras para o melhoramento do autódromo (R$ 3,5 milhões) e compraria ainda 20 ônibus (R$ 1,5 milhão) para a CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos).
Em contrapartida, a Shell receberia um conjunto de 15 a 20 terrenos da Prefeitura de São Paulo, onde instalaria postos de combustíveis e serviços.
Os imóveis poderiam ser explorados gratuitamente por um período de até 20 anos pela Shell.
Irregularidades
A empresa multinacional cumpriu a sua parte no negócio, mas não recebeu os terrenos, depois de realizar uma série de reformas no autódromo.
O motivo do insucesso no negócio: o TCM (Tribunal de Contas do Município) e Câmara dos Vereadores consideraram o contrato irregular e vetaram a doação dos imóveis para o uso da empresa.
A gerência de comunicação da Shell no Brasil, localizada no Rio, informou que a empresa tenta uma solução "negociada" com a prefeitura desde 1990.
Sem sucesso, a direção da multinacional passou a fazer a cobrança por intermédio da Justiça há três anos, com uma ação ordinária para pedir indenização.
"Sem prejuízo"
A assessoria da ex-prefeita e candidata do PT informou que o contrato foi feito dentro da legalidade.
Segundo a assessoria, a Shell foi prejudicada pelos adversários de Erundina na Câmara de Vereadores, aliados políticos de Maluf.
Para os petistas, a decisão do TCM também foi de teor político, o que acabou prejudicando o negócio com a empresa para a reforma do autódromo.

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