São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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Candidato tucano quer votos do PT

FÁBIO ZANINI
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

Sem se importar com a aliança nacional entre PSDB e PFL, o candidato tucano a prefeito de São Bernardo, Maurício Soares, faz uma campanha para o segundo turno marcada por acusações ao PFL, partido de Tito Costa.
"Tito Costa é representante dos setores mais conservadores e reacionários do país. O Brasil precisa se ver livre de políticos do PFL, que representam o atraso."
Soares, candidato mais votado no primeiro turno, considera-se opositor da aliança que levou FHC à Presidência e diz que tem como missão trazer seu partido de volta para a centro-esquerda.
"Faço parte de uma ala minoritária dentro do partido, que quer resgatar o PSDB histórico. Aliar-se ao PFL foi uma incoerência com os princípios sociais e democráticos do partido", afirmou Soares, que votou em Lula (PT) para presidente em 94, apesar de já estar filiado ao PSDB.
O discurso do tucano tem alvo certo: os 52 mil eleitores (18%) do petista Wagner Lino.
Ex-prefeito pelo PT (89 a 92), Soares, 57, afirma não acreditar que haja rancor dos petistas por ter trocado de partido.
"Várias lideranças como Lula, José Genoino, Hélio Bicudo e Eduardo Suplicy já declararam apoio a mim. Os votos do PT virão de forma natural, porque o outro candidato está na ponta direita do espectro ideológico."
Tito
Já Tito Costa, 73, 33,67% dos válidos, afirma ser o verdadeiro candidato de esquerda e se proclama o "real defensor das causas dos trabalhadores". Prefeito entre 77 e 82, Costa diz que o fato de estar no PFL não o incomoda.
"O sistema partidário brasileiro é uma piada. No passado, sempre estive ao lado dos trabalhadores. É o que me credencia como homem de esquerda."
Ex-prefeitos e advogados, Soares e Costa têm também em comum o fato de terem estado do mesmo lado na época que consideram "a mais dura de suas carreiras". O ano era 1978 e Lula surgia em São Bernardo comandando as greves, que mais tarde resultariam na criação do PT.
Costa era prefeito pelo extinto MDB e Soares, advogado do sindicato dos metalúrgicos, presidido por Lula. "Apoiei todos os movimentos grevistas, enfrentando a polícia e o governo. Cheguei a arriscar a vida, acolhendo Lula na minha casa quando ele foi perseguido", disse Costa.
Para Soares, o tempo fez seu adversário esquecer os compromissos sociais: "Só lamento que o Tito tenha deixado o pólo democrático e se juntado aos líderes da ditadura", disse.

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