São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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Maquinistas pedem segurança na Justiça

Passageiros estariam fazendo ameaças de morte

DA REPORTAGEM LOCAL

Os maquinistas e operadores de trens entraram na Justiça contra a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) para exigir melhores condições de segurança no trabalho.
Vários maquinistas estariam sendo ameaçados de morte por passageiros irritados com os constantes atrasos nos trens.
Ontem, a advogada do Movimento de Defesa dos Direitos dos Ferroviários, Leopoldina Xavier, entrou com uma ação na Promotoria de Defesa da Cidadania.
O objetivo da ação é conseguir uma liminar que obrigue a estatal a colocar seguranças em todas as plataformas de embarque e desembarque.
A direção do movimento também se reuniu no início da semana com o chefe de vigilância da CPTM para exigir mais segurança para os funcionários, mas ainda não obteve resposta.
"A CPTM está jogando a população contra os maquinistas, que estão sendo constantemente ameaçados de morte. A empresa não pode esperar algum maquinista ser morto para tomar alguma atitude", declarou Mário Júlio, coordenador do movimento.
Operação padrão
Os atrasos nos trens são provocados pela "operação padrão" feita por funcionários descontentes com o acordo salarial.
Eles tiram de circulação todos os trens que não estejam de acordo com as normas da CPTM.
Na segunda-feira, o atraso dos trens provocou um quebra-quebra que danificou as sete estações entre Francisco Morato e Vila Clarisse (norte da Grande SP).
Um trecho de 49 km foi interditado e deve ficar em reforma por cerca de seis meses.
Anteontem à noite, passageiros incendiaram três vagões na estação Itaquera (zona leste).
Revólver na cabeça
O maquinista V.M.S., 38, foi cercado por passageiros quando parou o trem na estação Itaim Paulista (zona leste), terça-feira à noite.
O trem estava atrasado 40 minutos, e os usuários acharam que o maquinista era o culpado.
"Uns 20 passageiros me cercaram e começaram a me ameaçar. Um deles estava com um revólver nas mãos. Por sorte, seguranças e colegas conseguiram me tirar do meio do bolo", disse o maquinista.
Segundo o maquinista, essa situação tem sido normal na ferrovia. "Todo dia ouço colegas contar que foram ameaçados. Agora foi comigo."
Outro lado
A assessoria de imprensa da Secretaria dos Transportes Metropolitanos reafirmou que o Movimento de Defesa dos Direitos dos Ferroviários é o culpado pelos atrasos e tumultos ocorridos nas estações de trem.
Segundo a assessoria, a CPTM fornece todas as condições de segurança para seus funcionários e nenhum deles nunca foi atacado por passageiros.
A secretaria afirmou que irá respeitar a decisão da Justiça, caso ela conceda a liminar pedida pelos ferroviários.

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