São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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Vazamento de gás mata quatro no Rio

CRISTINA RIGITANO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um vazamento de gás provocou a morte de três crianças e uma adolescente, no prédio conhecido como "200", na rua Barata Ribeiro (Copacabana, zona sul do Rio). Até o início da noite, a polícia não sabia o dia em que eles morreram.
Em avançado estado de decomposição, os corpos de Mariângela Tolentina, 16, e dos irmãos Josué Rodrigues, 3, Josias da Silva Soares, 6, e Joseli da Silva Soares, 7, foram encontrados por volta de 13h de ontem. Todos estavam sobre a cama do apartamento conjugado 213.
No fim da tarde, a perita criminal Márcia Gonçalves suspeitava que as mortes tivessem ocorrido no início da semana. "Pelo estado dos corpos, eles morreram há pelo menos dois dias. Mas o gás pode ter acelerado a decomposição", disse a perita.
"Eu via as crianças todos os dias. A mãe sempre deixava a porta aberta. Mas nos últimos dias elas andavam sumidas. Acho que a última vez que vi os meninos foi na segunda-feira", disse a moradora do 208, Vera Lúcia Cardoso, 41.
Segundo a perita, as mortes ocorreram devido ao vazamento de gás no fogão. "O registro estava aberto. Quando abrimos o bico do fogão, deu para ouvir o gás escapar", disse.
Segundo a vizinhança, a mãe dos meninos, Creuza Rodrigues da Silva, 23, deixava as crianças com Mariângela, durante a noite, para poder trabalhar.
Os vizinhos contaram que, após ter passado a noite fora, no fim da manhã de ontem, Creuza chegou à casa. Bateu à porta. Ninguém atendeu. Sentiu cheiro de gás e se desesperou.
Ela desceu e ligou para a amiga Cleide Tolentina -irmã de Mariângela-, que foi ao seu encontro. As duas pediram ajuda ao síndico do prédio e ao porteiro, identificados como Benedito e Luiz.
Eles arrombaram a porta e encontraram os quatro mortos. A TV estava ligada. Em estado de choque, a mãe foi à delegacia.
Cleide disse que Creuza já havia percebido o vazamento de gás no fogão. Segundo Cleide, no domingo, a mãe das crianças não aguentou o vazamento e desmaiou. "Ela ia mandar consertar, mas não deu tempo. A mãe toma conta de umas crianças à noite, por isso não estava em casa", disse Cleide.
A família morava no prédio havia cinco meses. O apartamento fora alugado por uma temporada.
O edifício Richard ficou conhecido em 74 com o filme "Um edifício chamado 200". Por isso, na época, o número foi mudado para 194. Cada um dos 12 andares do prédio tem 45 apartamentos conjugados. São 3.000 moradores.
Os moradores disseram que sentem cheiro de gás forte no prédio e que já reclamaram com o síndico, mas ele não tomou providências.

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