São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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Bancário diz que golpe ajudou igreja

DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia prendeu ontem o auxiliar de mercado da CEF (Caixa Econômica Federal) Renato Américo Minotti, 30, sob a acusação de ele ter aplicado um golpe de R$ 4 milhões em clientes do banco.
Minotti disse que metade desse dinheiro foi entregue à Igreja Universal do Reino de Deus com o conhecimento de quatro pastores. A outra parte teria sido usada para ressarcir alguns clientes que deixaram o dinheiro com o auxiliar.
"A Universal sobrevive com as doações dos fiéis. Não sabemos qual é a índole de todos que assistem aos nosso cultos e fazem doações espontâneas", disse o obreiro da igreja e deputado federal Wagner Salustiano, 41, (PPB-SP).
Segundo o delegado Luis Carlos Ferreira, do 39º DP, o golpe estaria sendo dado havia dois anos na CEF do Jardim Europa (zona oeste).
Minotti disse que entrou para a igreja há dois anos. Passava por uma crise financeira. "Comecei a oferecer aos clientes a possibilidade 'aplicações' fora do mercado financeiro com juros superiores."
Com a promessa, passou a arrecadar. Dez por cento, segundo ele, era separado como dízimo. Outra parte teria sido usada em "desafios" promovidos pela igreja.
"Quanto mais entregasse a Deus, mais Ele me restituiria. Assim, era desafiado a ter liberdade espiritual e financeira." Segundo ele, os pagamentos à igreja eram feitos em dinheiro e em cheques.
"Os pastores sabiam da origem do dinheiro e me aconselharam a frequentar as reuniões de empresários, assim, minhas doações passariam despercebidas."
Um dos pastores foi ouvido pela polícia. Levi Arruda Soares, 22, disse conhecer Minotti, mas não a origem das doações. "Quando alguém queria sacar o dinheiro, pagava com o que outro cliente me dava", disse o acusado.
Ele foi preso em São José dos Campos (SP) e teve a prisão decretada pela Justiça. Agora, a polícia quer rastrear os cheques para saber se Minotti contou a verdade. "Queria um pedaço do céu e obtive um do inferno", disse.

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