São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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Clubes se rebelam e FHC planeja MP do passe

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O governo está disposto a extinguir o passe de jogador de futebol por intermédio de medida provisória do presidente da República.
Isso ocorrerá se o Clube dos 13, associação que reúne as agremiações de maior peso político do país, se opuser na Justiça à supressão progressiva do passe proposta pelo Ministério dos Esportes.
Passe é o direito de um clube ser indenizado quando cede um atleta para outra equipe.
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse segunda ao ministro dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, que editará medida provisória sobre o passe se Pelé achar necessário.
A validade de medida provisória é de 30 dias, mas ela pode ser reeditada indefinidamente.
Anteontem, depois de saber da reação de dirigentes de clubes à nova proposição do governo sobre passe, anunciada na terça-feira, FHC enviou recado a Pelé reafirmando sua disposição de editar medida provisória.
O governo quer passe livre (direito de trabalhar onde quiser) para atletas de todas as idades, com carência de dois anos para a entrada em vigor, facilitando a adaptação dos clubes.
Os atletas, quando não compram antes o passe, hoje só recebem passe livre quando chegam aos 32 anos. A lei do passe foi aprovada em 1976 pelo Congresso.
Até o fim do ano, o governo apresentará projeto de lei extinguindo o passe, com carência.
Antes, o Indesp (Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto) vai publicar no "Diário Oficial" da União resolução concedendo passe livre para atletas de 27 anos, em 1998.
Com a aprovação do projeto de lei pelo Congresso, a resolução do Indesp seria extinta.
Ilegalidade
O presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, disse que os clubes prejudicados recorrerão à Justiça defendendo a ilegalidade da resolução. Segundo ele, a legislação atual só pode ser alterada pelo Congresso.
Na terça-feira, o deputado Eurico Miranda (PPB-RJ) apresentou projeto de lei concedendo o passe livre para jogadores de 28 anos, respeitadas certas condições.
O projeto amplia o limite do contrato dos atletas com os clubes de três para dez anos.
Se virar lei até março, como quer Eurico Miranda, contrário ao passe livre, o texto tornará inválida a resolução que o governo, por meio do Indesp, prepara sobre passe.

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