São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Profissionalismo faz o surfe crescer no Brasil

JOCA JÚNIOR
ESPECIAL PARA A FOLHA

O surfe está mostrando seu lado profissional e, por isso, acredito que esteja crescendo tanto no Brasil. As empresas, o público e a própria imprensa estão dando mais apoio ao esporte.
O surfe é um esporte que sofreu muito por causa de um certo estereótipo. Achavam que todo surfista era meio maluco, doidão mesmo. Não é bem assim, você tem que ser profissional para poder ter sucesso.
Não digo que não exista o outro tipo de surfista. Mas é como no futebol. Tem o cara que só quer jogar uma "pelada" e tem outro, que é profissional, que treina, se dedica.
Por esse profissionalismo é que o esporte tem crescido. Público sempre teve. A juventude gosta muito de surfe.
O problema é que é um esporte que depende de fatores naturais. O surfista é um escravo, sempre dependendo do mar.
Há várias formas de lidar com isso. Há um tipo de surfista que tem um talento natural para enfrentar as ondas. É o caso do Fábio Gouveia. Já outros se destacam pela garra, pela força de vontade, como o Peterson Rosa.
No surfe, o estilo conta muito para você ganhar uma competição. Conta para o público, para o juiz.
Por isso, como é difícil mudar se não tem talento, é importante ter força de vontade para vencer.
Eu acho que tenho um misto dos dois. Tenho um certo talento e aprendi a ser mais esforçado.
Antes eu achava que o talento resolveria tudo. Por isso, talvez, me dei tão mal.
Perdi alguns campeonatos e só agora começo a despontar, embora com 27 anos. Amadureci, virei profissional.
Tive de mudar meu jeito. Na verdade, vi o pessoal se dando bem e resolvi adotar essa postura também.
Aprendi a necessidade de ter uma constância. Antes, ganhava uma etapa, perdia outra, voltava a ganhar...
Agora, estou mais concentrado, determinado. Entro em cada bateria com uma estratégia própria de vitória.
Também estou controlando minha alimentação, meu horário de dormir. Isso é essencial porque, como disputo o circuito mundial, enfrento muitas diferenças de fuso.
Faço constantemente exercícios físicos, principalmente quando estou em casa. Gosto também de jogar bola.
Foi importante essa mudança. Antes, era um esquema muito amador.
Talvez porque tenha começado no surfe meio por diversão.
Eu morava no interior do Rio Grande do Norte. Quando me mudei para Natal, passei a surfar porque a praia era muito perto de casa.
Mas sempre soube o que queria. Minha determinação, acho, vem do fato ser um atleta de Cristo. Isso me dá calma, tranquilidade, ajuda a enfrentar certas situações.
E o que desejo para o futuro é simples. Ano que vem, espero ter uma boa participação no WCT (campeonato da primeira divisão).
E, para o futuro, gostaria muito que o surfe fosse incluído como esporte olímpico. E gostaria mais ainda de defender o Brasil numa Olimpíada.

Texto Anterior: Clubes se rebelam e FHC planeja MP do passe
Próximo Texto: Don King no Brasil
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.