São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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Os 13 moleques

JUCA KFOURI

Se era preciso ficar ainda mais claro para a opinião pública quem é quem na discussão sobre a lei do passe, já não é mais.
Depois de uma aberta negociação entre atletas, clubes e governo, com perdas e ganhos para as três partes, eis que o presidente do Clube dos 13 e do Grêmio, Fábio Koff, não reconhece autoridade em seu vice, o presidente do Santos, Samir Abdul-Hack, que assinou o protocolo do acordo.
Abdul-Hack, por sinal, foi quem assinou a proposta do Clube dos 13 no debate aberto pelo Ministério dos Esportes. Então, ele tinha poder para tal, algo que lhe é cassado agora pelo cartola gaúcho que perdeu o vôo para Brasília.
Se o cartola santista renunciará diante da humilhação ou não é problema dele.
O que interessa à sociedade está mais que claro: os cartolas querem manter os atletas como propriedade privada e fazem papel de moleques ao não honrar os acordos que assinam.
Diga-se a bem da verdade que Pelé deu um passo atrás para dar dois adiante, concordando em aumentar a carência para a entrada em vigor da resolução, e em modificar a idade limite para a concessão do passe livre, recebendo em troca o compromisso dos clubes no sentido de que fosse enviado um projeto de lei extinguindo o passe definitivamente até o ano 2000- o que os representantes dos atletas, sabiamente, consideraram uma vitória.
Esse compromisso não será honrado, a julgar pela posição de Koff, por mais que tudo que os clubes pedissem fosse um prazo para poder se adaptar à nova situação, o que obtiveram.
Restará a Pelé dois caminhos: voltar à resolução anterior e deixar que a Justiça resolva quem tem razão sobre a constitucionalidade da medida, ou pedir ao presidente da República que baixe uma medida provisória decretando o fim do passe -intenção inicial, aliás, do próprio FHC, reitero o que aqui foi escrito tempos atrás.
Claro que MPs são sempre desgastantes. Mais que a intransigência dos cartolas, porém, a travessura desta semana, como a de fazer de bobo um ministro de Estado, talvez mereça um castigo exemplar.
*
"Ronaldinho é gênio", foi o título desta coluna em 12 de julho. Zagallo achava que não. Dobrou-se, como a Tostão e Rivelino em 1970. Menos mal.
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Bebeto de Freitas no Timão!

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