São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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Ruella reproduz bistrôs antigos do sul da França

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Há restaurantes que enfrentam a crise baixando preços, chegando a patamares que nem sempre condizem com sua natureza. Outros fazem como o simpático Ruella: aberto há um mês, já nasceu disposto a ser barato e busca adequar uma comida de qualidade a este princípio.
O Ruella tenta resgatar a essência do bistrô. Não é tão radical quanto um La Tartine (que tem o casal de donos morando no andar de cima), mas tem a gentil ambição de ser caseiro (são duas cunhadas as donas), pessoal (elas dirigem e executam a cozinha), sem perder em charme ou alucinar nos preços.
Charme, aliás, sai-lhe pela janela, de onde se avista o beco decorado, a exemplo do restaurante, como um recanto do sul da França.
Foi nessa região, em Nice, que nasceu uma das donas do lugar, Danielle Dahui de Rivoli, 27, criada no Rio e por 12 anos vivendo na conexão França-Brasil até fixar-se aqui um ano e meio atrás.
Largando a profissão de fotógrafa, ela associou-se à então publicitária Roberta Lowndes, 28, na preparação de comida de bufê e nos almoços do bar Flamingo -retomando, assim, o hábito de trabalhar, nas férias, nos restaurantes de seu pai em Nice e Pernambuco.
Em seguida, a dupla contou com o apoio financeiro de mais dois sócios (Beto Delhome e Dado Salém) e se lançou no projeto de fazer um restaurante que, no cardápio enxuto, ambiente simples e charmoso e preços baixos, pudesse ser o equivalente de um bistrô.
O resultado pode ser medido pelas multidões que já frequentam a casa desde sua abertura. (Que bom: elas aceitam e até estimulam as reservas). Em princípio voltado para o sul da França, o cardápio tem recaídas como pratos com molho branco e pelo menos um com tempero tailandês (anchova no vapor com shoyu, legumes e especiarias, uma das boas pedidas).
Na cozinha do Ruella, supostos princípios como o de que carnes malpassadas ficam mais saborosas são aplicados atabalhoadamente em frangos (sobrecoxa com shitake) ou num prato de vitela, que ficariam melhores ao ponto.
Mas como amuse-gueule (petisco) há gostosas miniquiches; depois, saladas bem temperadas; um penne basco (com bacalhau, brócolis e tomates); um tournedos com molho de estragão e quiche de alho-poró; escalopes com molho emmental; e sobremesas como a clássica tarte-tatin (de maçã) com sorvete de creme. Vale conhecer.

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