São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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'A Invasão' retoma cartilha de filmes de ficção científica da década de 50

THALES DE MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os anos 50 estão de volta. Pelo menos nos filmes de ficção científica. Se "Dia da Independência" já retomava o medo dos alienígenas assassinos que imperou em Hollywood durante a Guerra Fria, "A Invasão" ressuscita de vez a paranóia gerada pelos invasores de outro planeta.
"A Invasão" tem uma produção caprichada, mas seu orçamento passa longe dos zilhões de dólares gastos em "Dia da Independência". E, por incrível que pareça, tira daí sua melhor qualidade.
Os alienígenas e sua base de operações são mostrados com muita maquiagem e um grande número de maquetes, mas o filme registra um uso econômico dos truques de computador. Além de agradar os saudosistas, gera um clima de produção B que combina perfeitamente com o enredo.
Charlie Sheen, cada vez mais canastrão, interpreta o rádio-astrônomo que passa suas noites num observatório ao lado de um colega.
Os dois têm a tediosa tarefa de escutar os sons das estrelas e registrar qualquer fenômeno extraordinário. E isso nunca acontece.
Ou não acontecia, até a noite em que eles captam uma transmissão do espaço. Alucinado com o que pensa ser a grande descoberta astronômica do século, Sheen leva a gravação até seu chefe na Nasa, interpretado pelo ótimo Ron Silver.
No lugar de uma medalha, o jovem astrônomo ganha como prêmio sua demissão, justificada por um corte de verbas.
Nos dias seguintes, tenta arrumar um emprego em outros observatórios, mas descobre que seu ex-chefe espalhou boatos sobre sua conduta profissional e que ninguém quer mais contratá-lo.
Se isso não bastasse, seu colega de observatório é assassinado. Em casa, com equipamento improvisado, o astrônomo descobre que os sinais continuam chegando e, para seu espanto, também estão sendo emitidos da Terra, partindo de uma cidadezinha mexicana.
A dedução dele é óbvia: os alienígenas estão na Terra e se comunicam com seu planeta.
Resolvido a elucidar a história, vai ao México, onde se envolve com uma pesquisadora ambiental e tenta descobrir a verdade sobre a invasão, se é que ela existe.
O diretor David Twohy não é nenhum gênio no ofício, mas leva a história mantendo o suspense até o fim. E deixa o espectador grudado na poltrona em pelo menos duas sequências de grande tensão.
O grande mérito do filme é seu roteiro, que acerta ao investir em bons personagens secundários, como a namorada do astrônomo e um menino negro que tenta ajudá-lo a descobrir a verdade.
Charlie Sheen deu uma declaração à imprensa que sintetiza o espírito do filme: "Chega de aliens bonzinhos. E.T., Alf e outras bobagens deixaram o cinema sem uma de suas maiores diversões: enfrentar homenzinhos verdes. Ainda bem que isso está mudando".
Sheen pode não ser um grande ator, mas sabe o que está falando. Os fãs de filmes de ficção científica concordam e agradecem.

Filme: A Invasão
Produção: EUA, 1996
Direção: David Twohy
Elenco: Charlie Sheen, Lindsay Crouse
Cinemas: Marabá, Morumbi 5, Iguatemi 1 e circuito

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