São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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Tchetcheno prevê volta da guerra

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O chefe de gabinete dos tchetchenos, Aslan Maskhadov, prevê a volta dos conflitos na região com a saída do general Alexander Lebed.
Maskhadov falou pouco antes de Ieltsin anunciar a demissão do general russo. O próprio Lebed, pouco depois de ser demitido, disse que a situação na Tchetchênia agora deveria seguir em direção ao "pior cenário possível".
Mas o primeiro-ministro da Rússia, Viktor Tchernomirdin, prometeu que o processo de paz na região vai continuar, seguindo o que foi estabelecido em acordos de paz sobre o futuro da região.
"Achamos que o general Lebed é uma pessoa realista e que foi o primeiro a perceber que a Rússia e o povo russo estão em perigo", disse o rebelde Maskahadov. "Kulikov, pelo contrário, é uma desgraça para o Exército e para a Rússia."
O separatista se referia ao ministro do Interior, Anatoli Kulikov, acusado por Lebed de tirar proveito da guerra na Tchetchênia.
Os tchetchenos esperavam que Lebed, responsável por um acordo de paz que tem sido seguido pelos dois lados, sobrevivesse a qualquer mudança no governo. Os rebeldes não fizeram nenhum comentário depois da demissão.
O general Lebed chegou a ser vaiado e chamado de "traidor" na Duma (câmara dos deputados russa) por causa de seu acordo de paz com os tchetchenos.
O acordo
Segundo o tratado, os soldados devem se retirar da república separatista. Russos e tchetchenos devem ainda formar um governo de coalizão e juntas para cuidar da segurança local. A decisão sobre a independência da Tchetchênia foi adiada para o ano 2001.
Lebed foi acusado por seus opositores de ter cedido às reivindicações tchetchenas na guerra iniciada em dezembro de 1994.
O premiê Tchernomirdin, que já havia rejeitado a independência tchetchena, prometeu ontem não modificar o acordo de paz. "Não se pode mudar a maneira de tratar um assunto tão importante."
Mas analistas políticos no exterior previam pelo menos uma maior desconfiança dos separatistas tchetchenos em relação a outros negociadores russos.
"Todo o processo de paz está ligado à personalidade de Lebed", disse Alexander Rahr, especialista em Rússia da Sociedade Alemã para Política Externa. "O perigo agora é que a situação volte ao que era antes, isto é, a guerra."

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