São Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996
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PT falha na gestão de hospital; Maluf gasta em ano eleitoral

DA REDAÇÃO

Na guerra de marketing sobre quem fez mais na área da saúde, os papéis parecem se inverter: Luiza Erundina (1989-92) surge como a "obreira", com os seis hospitais construídos na sua gestão, e Paulo Maluf (1992-96) aparece como o "revolucionário", que introduziu as cooperativas, sistema valorizado em discursos de esquerda.
A maioria das estatísticas da saúde é favorável ao governo petista, que aumentou o número de leitos, de internações, de atendimentos e até de doses de vacinas aplicadas.
A gestão Erundina, porém, bateu de frente com os médicos e funcionários. Vários hospitais criados por ela foram inaugurados com metade da capacidade porque faltava pessoal; apesar dos esforços de realocar os médicos, as vagas na periferia não foram preenchidas e faltas em plantões eram constantes.
Maluf passou três anos sem dar atenção à saúde. De 93 a 95, a fatia do orçamento dedicada à área diminuiu, nenhum hospital foi feito e o número de atendimentos também caiu.
No início deste ano, o prefeito começou a implantar o PAS -apelidado por ele de "plano de saúde do pobre". Transferindo a gestão dos hospitais e postos de saúde para cooperativas, o prefeito mudou todo o sistema.
Enfrentou, como Erundina, a resistência dos médicos. Para "convencê-los", Maluf quadruplicou os salários: o piso passou de R$ 800 para R$ 3.200 por 20 horas semanais. Agora, quem falta é descontado e um "cooperado" controla o outro.
O resultado aparece em uma pesquisa inédita do Datafolha. Perguntados se a qualidade do atendimento melhorou, 79% dos usuários do PAS disseram que sim.
Mas uma comparação com a rede estadual ajuda a relativizar esses números. Na avaliação geral, 83% dos pacientes do PAS consideram o sistema "ótimo ou bom". Na rede estadual, esse percentual é 81%.
Para manter o PAS, o próximo prefeito terá de gastar pelo menos 15% do orçamento em saúde. Se Maluf fizer o seu sucessor, Celso Pitta terá de abrir mão de túneis e pontes para sustentar um sistema que pode sorver ainda mais dinheiro.
Erundina chegou a defender ajustes no PAS. Mudou de opinião e passou a propagandear o SIM (Saúde Integral Municipalizada), que é a reimplantação, com mudanças, do sistema antigo: maior participação da comunidade, integração dos serviços e a prevenção como prioridade.
Págs. Esp. 2 a 5

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