São Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Programa do PT acaba com o PAS e aposta em integração com o Estado

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Se Luiza Erundina vencer as eleições, o programa do Sistema Único de Saúde será reimplatado na cidade. Isso significa que o PAS de Paulo Maluf será desmontado.
Na primeira fase da campanha, o comando da campanha petista evitou bater de frente na proposta malufista. Pesquisas mostrando a boa receptividade do PAS indicavam que o assunto -como o projeto Cingapura- merecia cautela.
Há meses atrás, um texto de Erundina, publicado na revista "Teoria e Debate", deixava claro que não haveria espaço para o plano de Maluf. "Implantaremos o SUS em São Paulo em comum acordo com a Secretaria de Estado da Saúde e com o ministro Jatene."
No seu artigo -um resumo do programa petista para a saúde-, Erundina diz que o PAS "não respeita princípios administrativos básicos como licitações e concursos, abrindo brechas para o nepotismo e favorecimentos".
Segundo ela, o PAS "cortou de forma abrupta tratamentos de pacientes e desmantelou serviços nacionalmente reconhecidos, além de tratar de forma desumana e violenta trabalhadores da saúde".
Se depender do deputado Eduardo Jorge -que implantou o programa de saúde na gestão Erundina-, o PT vai ser duro com o PAS neste segundo turno.
"O PAS não promove a saúde, abre espaço para a corrupção e coloca a máquina pública a serviço de grupos e interesses privados", afirmou Jorge.
Os petistas acreditam que, se chegarem ao poder, terão menos dificuldades que as encontradas na gestão anterior.
Pedro Dimitrov, médico sanitarista e chefe da assessoria técnica da secretaria da Saúde na gestão Erundina, lembra que na época as três esferas de governo "não conversavam bem" -em 1990, o PMDB governava São Paulo e Fernando Collor era presidente.
Desta vez, o programa do PT prevê entendimentos em todos os níveis, evitando que alguns serviços fiquem sobrecarregados.
Bairros
Cerca de 15% dos doentes serão encaminhados a ambulatórios especializados ou hospitais gerais. E apenas 5% irão para serviços especializados, como o de queimados do Tatuapé.
Pela cartilha do PT, a cidade será dividida em 40 distritos de saúde, com cerca de 250 mil habitantes cada um.
Esses conselhos serão formados por representantes dos usuários, funcionários e da administração.
Os distritos farão contratos com a Secretaria da Saúde, obrigando-se a cumprir metas de qualidade, produção e prevenção.
O cumprimento ou não das metas condicionará aumentos nos investimentos nos anos seguintes e a premiação -ou punição- das equipes e dos profissionais.
A responsabilidade pelo doente terciário (casos complexos e crônicos) será dividida entre hospitais da prefeitura e Estado.
A rede municipal será integrada à do Estado e aos serviços de saúde da Grande São Paulo.
Cerca de 170 unidades de saúde e 17 hospitais hospitais gerais do Estado serão municipalizados.

Texto Anterior: Jatene e ex-secretário criticam
Próximo Texto: Pitta quer criar casas para drogado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.