São Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996 |
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Programa do PT acaba com o PAS e aposta em integração com o Estado
AURELIANO BIANCARELLI
Na primeira fase da campanha, o comando da campanha petista evitou bater de frente na proposta malufista. Pesquisas mostrando a boa receptividade do PAS indicavam que o assunto -como o projeto Cingapura- merecia cautela. Há meses atrás, um texto de Erundina, publicado na revista "Teoria e Debate", deixava claro que não haveria espaço para o plano de Maluf. "Implantaremos o SUS em São Paulo em comum acordo com a Secretaria de Estado da Saúde e com o ministro Jatene." No seu artigo -um resumo do programa petista para a saúde-, Erundina diz que o PAS "não respeita princípios administrativos básicos como licitações e concursos, abrindo brechas para o nepotismo e favorecimentos". Segundo ela, o PAS "cortou de forma abrupta tratamentos de pacientes e desmantelou serviços nacionalmente reconhecidos, além de tratar de forma desumana e violenta trabalhadores da saúde". Se depender do deputado Eduardo Jorge -que implantou o programa de saúde na gestão Erundina-, o PT vai ser duro com o PAS neste segundo turno. "O PAS não promove a saúde, abre espaço para a corrupção e coloca a máquina pública a serviço de grupos e interesses privados", afirmou Jorge. Os petistas acreditam que, se chegarem ao poder, terão menos dificuldades que as encontradas na gestão anterior. Pedro Dimitrov, médico sanitarista e chefe da assessoria técnica da secretaria da Saúde na gestão Erundina, lembra que na época as três esferas de governo "não conversavam bem" -em 1990, o PMDB governava São Paulo e Fernando Collor era presidente. Desta vez, o programa do PT prevê entendimentos em todos os níveis, evitando que alguns serviços fiquem sobrecarregados. Bairros Cerca de 15% dos doentes serão encaminhados a ambulatórios especializados ou hospitais gerais. E apenas 5% irão para serviços especializados, como o de queimados do Tatuapé. Pela cartilha do PT, a cidade será dividida em 40 distritos de saúde, com cerca de 250 mil habitantes cada um. Esses conselhos serão formados por representantes dos usuários, funcionários e da administração. Os distritos farão contratos com a Secretaria da Saúde, obrigando-se a cumprir metas de qualidade, produção e prevenção. O cumprimento ou não das metas condicionará aumentos nos investimentos nos anos seguintes e a premiação -ou punição- das equipes e dos profissionais. A responsabilidade pelo doente terciário (casos complexos e crônicos) será dividida entre hospitais da prefeitura e Estado. A rede municipal será integrada à do Estado e aos serviços de saúde da Grande São Paulo. Cerca de 170 unidades de saúde e 17 hospitais hospitais gerais do Estado serão municipalizados. Texto Anterior: Jatene e ex-secretário criticam Próximo Texto: Pitta quer criar casas para drogado Índice |
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