São Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996
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Mãe e filhas obtêm o pior desempenho

Rosa conseguiu sete votos para vereadora

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma mãe e suas duas filhas -Tamara, Jacqueline e Rosa Dickstein- foram responsáveis pelo pior desempenho feminino nas eleições para vereador em São Paulo. Juntas, obtiveram 32 votos. Rosa, com sete votos, foi a candidata menos votada da cidade.
"Fomos bem votadas, inclusive. Porque nós não votamos em nós. É um mistério quem votou em nós", diz Tamara Dickstein, a campeã de votos da família, com 16. Sua outra filha, Jacqueline, teve nove.
O desinteresse de Tamara, Jacqueline e Rosa pela eleição está diretamente relacionado à lei que obrigou os partidos a reservarem 20% de participação às mulheres em suas chapas.
"Nós nos candidatamos apenas para ajudar meu cunhado e minha irmã", explica Tamara.
O cunhado é um dos fundadores do PRTB, o pequeno partido que concorreu à Prefeitura de São Paulo com José Levy Fidelix (3.608 votos), que se notabilizou pela defesa da instalação do aerotrem na cidade. Candidato a vereador, Gartenberg obteve 350 votos.
"Por causa da lei, ele nos pediu que o ajudássemos", afirma Tamara.
Quando houve esse pedido de ajuda, a candidata derrotada Tamara conta que teve o seguinte diálogo com seu cunhado:
Tamara: "Não sirvo para a política. Não gosto".
Gartenberg: "Vocês não terão nenhum trabalho".
Tamara: "Então, tá".
Passada a eleição, a candidata derrotada está meio arrependida de ter aceito o convite: "Não pensamos que ia dar esse auê. Queria ficar no anonimato".
O auê foi causado justamente pelo péssimo desempenho da família. Uma das filhas de Tamara, a comerciante Rosa Dora, teve de dar as mesmas explicações que a mãe para o seu pífio desempenho.
A irmã de Tamara, Amelia Cejinski, disputou a eleição para valer, e ficou com 103 votos. A filha de Amelia, Daniella, que só entrou para ajudar, teve 11 votos.
O interesse despertado pelo fraco desempenho das mulheres dessa família magoou Tamara Dickstein.
"Quando ele (o cunhado, Betar Gartenberg) procurou a imprensa, ninguém quis dar espaço. A imprensa boicotou o partido. Agora, todo mundo vem em cima da gente", reclama.

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