São Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EUA punem aluno armado

GILBERTO DIMENSTEIN
DE NOVA YORK

Ao voltarem para as aulas, setembro passado, os alunos de Washington foram informados de uma nova lei na cidade: se descobertos carregando arma na escola serão suspensos por um ano no mínimo.
A dureza da medida na capital dos EUA, uma das cidades mais violentas do país, é um detalhe na ofensiva para debelar o clima de receio e mesmo pânico dos pais e alunos nas escolas.
Segundo o Ministério da Justiça, cerca de 100 mil estudantes conseguem entrar armados em sala de aula, trazendo para a escola o enfrentamento das gangues -a violência infanto-juvenil disparou nos últimos 15 anos e, em algumas cidades, o homicídio já é a principal causa de morte entre jovens.
Uma pesquisa realizada em Nova York detectou que 69% dos alunos testemunharam violência na escola; 63% viram alguém carregando faca, canivete ou arma.
Diante desses receios, 42% dos estudantes apóiam a decisão de colocar na entrada detectores de metal -que viraram "material pedagógico" em centenas de escolas, formando filas de mochilas rastreadas por raio x.
Um dos principais debates em Nova York foi sobre a segurança nas escolas -em cada uma há pelo menos um policial na porta. Agora pede-se que se usem policiais aposentados para áreas internas.
Os educadores decidiram investir em ações mais pedagógicas, criando programas para que os alunos soubessem lidar com a violência, administrando conflitos sem recorrer à força -pela TV, o governo bombardeou os jovens com mensagens contra a agressão.
Um dos programas chama-se "os pacificadores". Estudantes são treinados a intervir nos conflitos antes que degenerem em violência. Quando percebem a chance de uma briga, tentam abrir canais de diálogo.
Comparado aos países industrializados, a taxa de violência entre jovens ainda é extremamente alta. Mas, pela primeira vez, este ano se constatou uma redução de 5%.

Texto Anterior: Ex-escoteiro matou 16 alunos
Próximo Texto: Sem-teto vivem até em trenzinho de concreto
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.