São Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996 |
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Paraplégico tem casa embaixo de banca
ROGERIO WASSERMANN
Paraplégico há 30 anos, depois de um acidente na fazenda em que trabalhava no Paraná, Barbosa conseguiu comprar a banca com o dinheiro que ganhou vendendo chapéus na feira. Passou seis anos dormindo na banca. "Aí Deus falou comigo e me disse para construir minha casa embaixo da terra, que ele ia me ajudar", afirma. Começou a cavar, com o auxílio de uma pá, e depois de um ano tinha acabado o primeiro cômodo da casa. "Tirava de 15 a 20 sacos de terra por dia", diz. Hoje, nove anos depois, a "casa" tem dois quartos e um pequeno banheiro, numa área total de cinco metros quadrados. Há cerca de um ano, ele começou a construção de um terceiro cômodo. "Mais um ano eu acabo", diz. Além de sua cama, localizada no primeiro cômodo, Barbosa tem em casa uma televisão, dois ventiladores e um beliche, reservado para as visitas das filhas, que moram em Rondônia. Barbosa pouco sai da banca. Para cozinhar, usa um botijão ligado a um pequeno fogareiro. Uma fenda de 15 centímetros no chão da praça e uma tela embaixo da banca garantem a ventilação. O banheiro, de 1,5 m quadrado, é usado para tomar banho e urinar. Para defecar, ele usa um jornal, onde "guarda" o cocô para jogar fora. "Tenho o intestino preso, só faço de oito em oito dias." Com ligação regularizada de água e luz, Barbosa diz que nunca sofreu ameaça de despejo. "Tenho confiança em Deus, ele não vai deixar que ninguém me tire daqui", diz. Texto Anterior: Toalha molhada substitui banho Próximo Texto: Família de 12 mora em 12 m² sob ponte Índice |
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