São Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996
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Moeda européia vem aí

ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR.

O avanço da integração da Europa vem ocorrendo passo a passo, mas os passos estão sendo dados.
O próximo deles é a introdução da moeda única européia, prevista para 1999. Tudo indica que isso vá mesmo ocorrer, embora haja dificuldades a serem vencidas.
A moeda única e o aprofundamento da integração européia foram concebidos nos anos 80 como respostas do Velho Continente aos sinais de maior internacionalização da vida moderna e à sua percepção do avanço dos blocos econômicos da América do Norte (Estados Unidos) e do Japão, acrescido dos tigres asiáticos.
O objetivo está sendo traduzido pelo maior poder regulatório da União Européia e pela nova moeda. Isso implica certa diluição do poder nacional e, por essa razão, houve muito ceticismo no início.
Os ganhos políticos das forças regionalistas ou nacionalistas pareciam dar razão àquele descrédito.
Mas o adensamento da União Européia tem avançado. Acredito mesmo que esteja sendo revitalizado como resposta às tendências fragmentadoras do regionalismo; coisa que é perceptível na Itália.
O núcleo forte da economia européia (França, Alemanha e Benelux) já acordou que a moeda única será lançada em janeiro de 1999.
O nome dessa moeda é ECU, um acrônimo para unidade de moeda européia.
Nos três primeiros anos, a ECU deve circular em paralelo com as moedas dos países fundadores, mas, a partir de 2002, as moedas nacionais devem desaparecer e ficar só a nova moeda.
Até um ano atrás, poucos pensavam que a data de 1999 fosse mantida, mas isso mudou. Agora, também a Itália e a Espanha já declaram que querem fazer parte do núcleo fundador da ECU. Para isso, seus governos procurarão se qualificar, reduzindo o déficit fiscal para 3% do PIB (Produto Interno Bruto), no máximo, inflação entre 2% e 3% ao ano, taxa de câmbio fixa e redução da relação dívida/PIB.
O interessante a observar é que, apesar de certa retórica sobre perdas com a integração comercial, a avaliação predominante é que os benefícios superaram os custos. Por isso, todos agora querem fazer parte do núcleo fundador da nova moeda.

Álvaro Antônio Zini Júnior, 43, é professor titular de Economia Internacional da Faculdade de Economia e Administração da USP (Universidade de São Paulo). Atualmente é professor visitante junto à Universidade de Roma.

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