São Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996
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Ronaldinho merece

TELÊ SANTANA

Ronaldinho vem provando, semana a semana, que é mesmo um grande jogador. Contra a Lituânia, fez três gols e atuou muito bem. Ainda novo, ele é um dos melhores, senão o melhor jogador brasileiro da atualidade.
É um exagero compará-lo a Pelé. Mas, na minha opinião, Ronaldinho está entre os quatro jogadores mais habilidosos do futebol brasileiro em todos os tempos.
Os outros são: o próprio Pelé, Zico e Reinaldo (ex-Atlético-MG). São jogadores de muita qualidade. Capazes de decidir jogos sem depender dos outros. É difícil encontrar um atleta desse nível.
Se Ronaldinho tiver a cabeça no lugar, vai muito longe ainda.
Ele deve tentar se comparar a Pelé, não no futebol, mas no seu comportamento.
Pelé, mesmo sabendo que era o melhor do mundo, nunca se mascarou.
Foi um profissional exemplar, humilde e dedicado.
Mas acho que Ronaldinho, além de habilidoso, é bastante inteligente para administrar isso.
Sempre fui admirador do seu futebol.
Quando fui cogitado para dirigir o Barcelona, há cerca de sete meses, o empresário que queria me levar pediu para que eu indicasse alguns jogadores brasileiros.
Sem titubear, eu dei os nomes de Ronaldinho e Giovanni. Coincidentemente, o Barcelona contratou depois justamente os dois.
É uma dupla muito boa, que certamente ainda deslumbrará muito os europeus.
Essa é a vantagem do nosso futebol sobre o deles, que é meio quadrado.
Nossos jogadores desequilibram.
*
Não será surpresa se times considerados pequenos continuarem entre os primeiros do Campeonato Brasileiro e tomarem vagas de equipes do Rio e de São Paulo na fase final.
No Brasileiro, todos entram para ganhar, não apenas para competir. O primeiro campeão brasileiro ganhou o título de forma inesperada.
Foi o Atlético-MG, time que eu dirigi, quando todos apostavam num campeão do Rio ou de São Paulo.

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