São Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996
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Seguranças são polícia paralela

CLÁUDIA TREVISAN
DE NOVA YORK

A popularidade de sua guarda particular é uma das principais responsáveis pelo respeito que a Nação do Islã conquistou em muitas comunidades negras norte-americanas.
O Fruto do Islã (FOI), nome da guarda particular da Nação, reduziu a criminalidade em até 50% nos bairros onde passou a atuar, afirma o professor Mattias Gardell.
Entre os negros, o FOI é popularmente chamado de "dupebuster" (algo como "dizimador de vigaristas" ), um trocadilho com o filme "Ghostbusters" ("Os Caça-Fantasmas").
O FOI consegue expulsar traficantes de drogas e outros criminosos das comunidades negras onde se instala.
É com essa atuação comunitária que a Nação do Islã consegue despertar o respeito de membros da comunidade acadêmica.
"A Nação do Islã tem feito um grande trabalho", afirma Anne Batterage, diretora-executiva da Associação de Estudos do Oriente Médio, com sede no Arizona (oeste do país).
Batterage elogia o FOI por iniciativas como a abertura de clínicas em várias cidades e a consolidação de uma rede de comércio voltada para os negros.
Negócio
A atuação do FOI foi tão bem-sucedida que a Nação do Islã decidiu transformar sua guarda em um negócio, com a criação de uma empresa de segurança.
A NOI Security Inc. presta serviços para músicos, políticos e empresários norte-americanos.
"Nas ruas, muitas pessoas têm mais respeito pelo FOI do que pela polícia, porque ele tratam outros negros com respeito. Então, são respeitados", diz Gardell.
Segundo ele, o FOI conseguiu reduzir de tal forma a criminalidade em algumas regiões que foi contratado pelo governo de seis Estados para fazer a segurança de conjuntos habitacionais chamados "Projects", onde a violência crescia de forma assustadora.
Em 1984, o FOI fez a segurança do pastor Jesse Jackson, candidato negro à Presidência dos EUA que teve apoio da Nação do Islã.
A NOI Security Inc. é apenas um dos vários negócios relacionados com a Nação do Islã, diz Gardell.
Em seu levantamento, o professor norte-americano constatou que a organização islâmica negra possui restaurantes, supermercados, fazendas, importadoras e mercearias.
(CT)

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