São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 1996
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Buzina contra vaia é estratégia de motorista

Seção mostra a partir de hoje personagens da campanha

DA REPORTAGEM LOCAL

O motorista do "Pitta-móvel", Vomberto Borges, 40, buzina quando percebe alguém xingando o prefeito Paulo Maluf ou seu candidato durante as carreatas de Celso Pitta (PPB).
O objetivo é evitar que a imprensa ouça as referências pouca elogiosas. "Aprendi com o pessoal do prefeito", explica ele, referindo-se aos seguranças de Maluf, que sempre acompanham as carreatas.
Vomberto, ou Sorriso -como é conhecido entre os membros da equipe do candidato-, trabalha com Pitta desde junho e, segundo seus cálculos, já dirigiu cerca de 4.000 km.
"Acho engraçado o jeito que as pessoas ficam, admiradas em ver o Maluf, o Pitta. Outro dia, uma moça parou o carro do nosso lado para tirar foto. Ela tremia."
O trabalho -de segunda a segunda- não é dos mais fáceis, mesmo para alguém com 12 anos de profissão. "Demorou um pouco para pegar o jeito. Tem de passar em lombada, buraco", afirma. "Hoje eu conheço São Paulo. E o Pitta também."
Essa é a primeira vez que Sorriso trabalha em campanhas eleitorais, mas ele nega que as quatro horas diárias de jingles -repetidos continuamente e no último volume- e a velocidade média de 30 km/h incomodem.
"Dirigir e a música não cansam tanto quanto a atenção que você tem de ter. Com a música a gente acostuma e acaba nem escutando mais. Fico conversando e olhando tudo o que acontece."
Até hoje, Sorriso só foi repreendido uma vez. A reclamação veio do prefeito. "Passei pelo farol vermelho. Saiu no jornal e eu levei uma 'dura'. Disse que, se eu fizesse de novo, ia me tirar do serviço. Agora, dá amarelo, e eu já paro."
Malufista -"Sempre voto no partido dele"-, diz que considera a política um jogo. "Mas quando o Pitta passou para o primeiro lugar (nas pesquisas), a gente gostou. Foi sinal de que os nossos serviços estão dando resultado. Fiquei orgulhoso."
Para ele, o fato de Pitta ser negro ajuda na hora do voto. "Isso me ajuda a votar nele. Mas foi coincidência eu ser negro e trabalhar nas carreatas."

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