São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 1996
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Ballet Kirov deve voltar ao Brasil em 1998

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Ballet Kirov poderá realizar nova turnê pelo Brasil em 1998. É o que prometeu Myrian Dauelsberg, presidente da Dell'Arte, empresa que está trazendo a companhia russa ao país, em entrevista coletiva realizada ontem, no Teatro Municipal de São Paulo, onde o grupo estréia hoje.
"Na próxima temporada é provável que o Kirov volte com um repertório mais eclético, com obras contemporâneas e clássicas", afirmou a empresária.
Sucesso absoluto, a atual turnê do Kirov no Brasil começou no teatro Guaíra de Curitiba, sábado passado.
Com exceção das apresentações extras (em São Paulo será quinta-feira, às 16h), todos os espetáculos que o grupo realizará em mais seis capitais brasileiras até o dia 14 de novembro estão esgotados.
Em São Paulo, o Kirov mostra hoje a versão completa de "Don Quixote", estrelada por Faruk Ruzimatov e Diana Vishneva. Sábado e domingo, o programa será "O Lago dos Cisnes", também na íntegra.
Na entrada do teatro, cada espectador receberá um formulário, que deve ser preenchido e entregue na saída. Com isso, concorrerá no dia 27 de novembro, pela loteria federal, a uma viagem a São Petersburgo, cidade-sede do Kirov, com passagem e estadia de uma semana pagas, além de ingressos para assistir a um espetáculo do grupo no histórico teatro Maryinsky.
Durante sua estada na capital paulista, de hoje a domingo, o Kirov poderá realizar uma "master-class", ainda não confirmada, ministrada por um dos professores do grupo e dirigida a bailarinos brasileiros.
Crise de poderes
Segundo Makhar Vaziev, que acumula as funções de diretor do balé e diretor administrativo, o Kirov hoje é sustentado financeiramente pelo governo russo e pelas turnês que realiza no exterior.
"Temos convites até o ano 2001 para dançar fora da Rússia", ele diz. No teatro Maryinsky, o grupo vem realizando cerca de 240 espetáculos por ano.
No entanto, o coreógrafo principal do Kirov, Oleg Vinogradov, que até recentemente ocupou o cargo de diretor artístico, insiste em difundir uma visão catastrofista, como se o fim de seu reinado significasse o fim da companhia.
Impondo presença na coletiva de imprensa, Vinogradov ainda procura agir como todo-poderoso. Cautelosos, o diretor Vaziev e seu assistente, Faruk Ruzimatov, deixam Vinogradov tomar a palavra, talvez pela última vez em uma turnê com o elenco russo.
À parte os problemas sociais e financeiros da Rússia, o Kirov também enfrenta uma crise interna de poderes. Tudo indica, na próxima turnê da mais importante companhia russa de balé ao Brasil, Vinogradov não participe mais no papel de Rasputim em baixa.
Apesar das disputas de bastidores, o elenco do Kirov continua exibindo uma técnica impecável e um estilo inigualável na interpretação dos clássicos.
A precisão e o refinamento cultivados pelo Kirov em seus quase 250 anos de história poderão ser constatadas hoje, em "Don Quixote", que será repetido amanhã e quinta-feira.
Em quatro atos e oito cenas, o balé com música de Minkus e coreografia de Marius Petipa foi dançado pela primeira vez no teatro Bolshoi, de Moscou, em 26 de dezembro de 1869.
Dois anos depois, Petipa estreou em São Petersburgo uma versão revisada de "Don Quixote", em que a dança se sobrepõe à comédia, e que o Ballet Kirov mantém até hoje.
Os melhores bailarinos da atual geração se revezarão nos papéis principais. Amanhã, Vishneva e Ruzimatov serão substituídos por Yulia Makhalina e Igor Zelensky. Sexta, Ruzimatov dança com Irma Nioradze.

Informações: tels. 011/3068-0164, 867-8687 e 222-8698.

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