São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 1996
Próximo Texto | Índice

Chirac pede Estado palestino a Israel

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da França, Jacques Chirac, defendeu, durante visita a Israel, a criação de um Estado palestino como único meio de garantir a segurança israelense.
Em viagem para marcar a posição da Europa no conflito do Oriente Médio, Chirac pediu a desocupação de territórios sírios e libaneses em discurso para estudantes de tecnologia na Universidade Technion, em Haifa (norte).
"Um Estado palestino reconhecido vai dar a Israel um parceiro verdadeiro. Só um parceiro desse tipo poderá ser capaz de assumir os compromissos que são necessários à segurança de Israel."
O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, foi eleito com uma plataforma política que dizia que um Estado palestino seria um "perigo mortal" aos israelenses.
Mas Chirac elogiou Netanyahu por ter se encontrado com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat.
O presidente francês disse que era "o preço da segurança" para Israel um acordo sobre o status de Jerusalém (reivindicada por palestinos e israelenses), a situação dos refugiados árabes e o futuro dos assentamentos judaicos.
O presidente Chirac afirmou que Israel teria de devolver as colinas do Golã para obter a paz com a Síria. Ele pediu também que a desocupação do sul do Líbano seja atrelada ao resto do processo de paz.
Chirac viajou à região para marcar a presença européia. Teve uma recepção calorosa na Síria, onde conversou com o presidente Hafez al Assad sábado e domingo.
Sua visita ao Oriente Médio ocorreu pouco depois que os Estados Unidos pediram a não-interferência européia na região.
O jornal "The Independent" publica na sua edição de hoje que o secretário de Estado dos EUA, Warren Christopher, enviou cartas aos 15 países da União Européia para que eles "abdicassem de qualquer ato que pudesse colocar em perigo o processo de paz em um momento delicado".
Os europeus acusam os EUA de terem fracassado na tentativa de obrigar Israel a cumprir o que o país já assinou com os palestinos.
Chirac fez novamente um apelo para o comprometimento de Israel. "Os acordos assinados devem ser completamente implementados", disse o francês, referindo-se à recusa israelense de sair de Hebron (Cisjordânia). A retirada deveria ter ocorrido em março.
Ontem, os negociadores palestinos abandonaram o diálogo sobre o futuro da cidade descrevendo a atitude israelense como a de "ocupadores com os ocupados".
A desistência ocorreu pouco depois de o enviado dos EUA à região, Dennis Ross, dizer que estava deixando as negociações depois de mediá-las por 15 dias. Mas Warren Christopher disse que a saída de Ross não indicava a desistência americana em relação à negociação.
Em Ramallah, Cisjordânia, um motorista palestino foi morto próximo a um assentamento judeu. Ocupantes de um carro com placa israelense atiraram nele.

Próximo Texto: Curdos pró-Iraque abandonam represa
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.