São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 1996
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PREVENÇÃO EM JOGO

Desde que surgiu, no início dos anos 80, a Aids tem exigido tanto de governos como de laboratórios privados um grande empenho em busca de uma cura, uma vacina ou medicamentos cada vez mais eficientes para combater os efeitos da doença.
Mas, como têm alertado as campanhas de prevenção, a única forma razoavelmente segura de evitar a transmissão pela via sexual do vírus HIV -que provoca a Aids- é o uso da camisinha nas relações sexuais.
A reprovação, pelo INT (Instituto Nacional de Tecnologia), de oito tipos de preservativos vendidos no país contribui para abalar a confiança nessa que é a grande defesa contra a Aids e qualquer outra doença sexualmente transmissível.
A reação de algumas ONGs que trabalham com prevenção da Aids foi imediata: suspenderam a distribuição gratuita de preservativos para grupos de homossexuais, travestis e prostitutas, entre outros.
Mas os resultados podem ter uma consequência ainda mais prejudicial à luta contra a doença. Sucessivas reprovações do produto em testes de resistência poderiam levar parte da população a acreditar que o uso da camisinha não faz diferença alguma, o que seria um grave erro.
A credibilidade do preservativo como eficiente forma de proteção contra doenças sexualmente transmissíveis é essencial para o sucesso das campanhas de prevenção.
Por isso, é imperioso que as autoridades brasileiras controlem com maior rigor a qualidade dos preservativos distribuídos no mercado. A redução do prazo de validade, hoje geralmente de dois a três anos, aparece como uma proposta válida a ser cuidadosamente estudada.
Qualquer suspeita de que a camisinha não esteja cumprindo o importante papel que lhe cabe na luta contra a Aids pode abalar a estratégia de combate à doença. Está em jogo não só o respeito ao consumidor de um produto, mas também toda a filosofia do trabalho de prevenção realizado há mais de uma década.

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