São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996 |
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Advogado morto estava sendo ameaçado
SILVIA DE MOURA
O advogado trabalhava na entidade e investigava um suposto grupo de extermínio formado por policiais. "Gilson ligou para a gente avisando que estranhos estavam rondando seu sítio. O fato ocorreu por volta das 22h e ele disse que estava apavorado", afirmou Monte. Monte disse que Nogueira chegou a informar o caso ao Ministério Público, mas não denunciou à polícia porque não confiava na proteção policial. "Desde que a Polícia Federal deixou de lhe dar proteção, há quatro meses, ele deixou de dar parte das ameaças de morte que sofria rotineiramente." O subsecretário de Segurança Pública do Rio Grande do Norte, Maurílio Pinto, disse que a polícia não ficou sabendo das ameaças. Segundo Monte, Nogueira dizia que sua morte já estava anunciada. "Entramos em choque com um dos grupos de extermínio mais perigosos do país e ele tinha consciência disso." Nos últimos quatro meses, Nogueira procurava variar seus percursos entre Natal e Macaíba e evitava dormir no mesmo local por mais de uma noite seguida. Maria das Vitórias Silva, 17, que acompanhava Nogueira na hora do crime, era apenas "uma amiga" do advogado, segundo a mãe da garota, Maria de Fátima Araújo. Ela conseguiu fugir do carro após os primeiros tiros. Investigações A Polícia Civil de Goiás descobriu ontem o nome do dono do Gol vermelho usado pelos assassinos do advogado -é Valdir Delazeri e, na documentação, seu endereço aparece como sendo em Goiânia (GO). Agora, a polícia está tentando localizar Delazeri. Segundo o delegado de Macaíba, Luciano Queiroz de Araújo, 40, Delazeri "comprou o carro no Maranhão, fez a vistoria em Tocantins e a transferência para o seu nome em Goiânia". Araújo não havia recebido, até a tarde de ontem, o laudo da perícia técnica informando com quantos tiros Nogueira foi assassinado. O superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Norte, Airton de Sá Ferraz, disse que também não havia recebido os laudos da perícia técnica. A representação no Brasil da Human Rights Watch/Americas responsabilizou ontem o governador do Rio Grande do Norte, Garibaldi Alves Filho (PMDB), pelo assassinato do ativista. Texto Anterior: Mortalidade entre jovens surpreende Próximo Texto: Aumenta risco de blecaute no Brasil Índice |
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