São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 1996
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Jorge Amado sai da UTI em Salvador

OTÁVIO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

O escritor Jorge Amado, 84, deixou ontem a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital Aliança, em Salvador (BA), cerca de 48 horas após se submeter a uma angioplastia, intervenção para desobstrução de dois pontos de uma artéria do coração.
Ele foi transferido para um quarto particular, onde receberá tratamento semi-intensivo por mais 48 horas. O escritor, no entanto, já está recebendo medicação por via oral e passa parte do dia sentado numa poltrona.
"Estamos sendo muito zelosos devido à idade do paciente, mas o quadro está evoluindo bem", disse à Folha o cardiologista clínico Jadelson Andrade.
O médico ainda não definiu quando Amado terá alta, mas é provável que ocorra até o final da semana. "Ele não está com pressa, o que é importante", afirmou.
Leia a seguir entrevista com a mulher do escritor, Zélia Gattai, 80, concedida à Folha na sala de espera do quarto onde Jorge Amado está internado.
*
Folha - Como está Jorge Amado?
Zélia Gattai - Jorge é muito corajoso. Não sei se ele achou que a coisa era grave, mas não disse. Quando o médico falou que ele teria de fazer o cateterismo, Jorge respondeu: "Está certo". Não se lastimou nem se lamentou.
Folha - E agora, ele está consciente, conversando?
Zélia - Claro. Já li todos os jornais pra ele, leio também as mensagens que temos recebido de pessoas de vários lugares do mundo. Quando o fax vem de Portugal, leio com sotaque português, quando vem da Itália, uso meu italiano, quando é em espanhol, carrego no espanhol. É uma maneira de diverti-lo, ele fica contentíssimo.
Folha - De quem vocês receberam mensagens?
Zélia - De muita gente. Dos ex-presidentes José Sarney, que liga todo dia, e Itamar Franco, do vice-presidente Marco Maciel, do presidente de Portugal. Além de dezenas de amigos mundo afora.
Folha - O presidente Fernando Henrique mandou mensagem?
Zélia - Até agora, não.
Folha - Nos últimos tempos, Jorge Amado estava meio desanimado, alheio às conversas...
Zélia - Ele estava um pouco arredio, angustiado, embora não dissesse. Agora, a alegria está de volta.
Folha - E você?
Zélia - Estou um pouco cansada, mas feliz. É que nós não podemos nos separar.
Folha - Ele tem recebido visitas?
Zélia - Não. Os amigos mais próximos chegam até esta sala de espera, mas no quarto só entram os filhos, o irmão, a cunhada e eu. Tudo tem seu momento.

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