São Paulo, sábado, 26 de outubro de 1996
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Déficit federal não preocupa, diz FHC

Para presidente, 'está tudo sob controle'

WILLIAM FRANÇA; AUGUSTO GAZIR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que não está preocupado com a reação do mercado financeiro ao déficit federal de R$ 2,299 bilhões registrado no mês passado.
"Mercado é assim: um dia amanhece nervoso, no outro está calmo. Isso é preocupação para quem opera na Bolsa. Para quem opera em nome do país, não é assim", afirmou o presidente, ao final de uma cerimônia na rampa do Palácio do Planalto.
Os dados de setembro foram divulgados anteontem pelo Ministério da Fazenda. O resultado foi o pior desde abril, quando o déficit federal -que inclui Banco Central, Tesouro Nacional e Previdência- atingiu R$ 2,494 bilhões.
FHC disse ter "absoluta tranquilidade com respeito à situação econômica" e que "está tudo sob controle", apesar do déficit federal.
O presidente criticou ainda a análise de dados mensais sobre a situação dos cofres públicos.
Disse que isso é "especulação que não ajuda" e que dados reais só serão conhecidos em janeiro ou fevereiro do ano que vem.
Obsessão
"Nós precisamos acabar com essa obsessão de ver déficit dia a dia. A gente vê o que aconteceu no fim do ano. Saber quanto vai crescer a economia, quanto foi o déficit, saber esse tipo de dado, só depois", afirmou o presidente.
O déficit federal acumulado de janeiro até setembro é de R$ 8,916 bilhões, o equivalente a 1,87% do PIB (Produto Interno Bruto, medida da riqueza nacional).
No ano passado, o déficit até setembro ficou em 0,86% do PIB. O governo pretende ter um déficit federal de até 1,5% do PIB.
Segundo o presidente, a revisão da meta para o déficit público global foi provocada pelo "ajuste que estamos fazendo nos Estados".
No início do ano, a previsão era de um déficit de 2,5% do PIB. Esse número inclui, além do resultado do governo federal, as contas de Estados, municípios e estatais.
A meta foi revista pouco depois da metade do ano para 3,5% do PIB. No ano passado, o déficit público atingiu 5% do PIB.
"Vocês podem verificar que é tudo consistente, e o que nós não fazemos é ficar fazendo previsões nem otimistas nem pessimistas. Deixa ver o que acontece", disse o presidente.
(WF e AG)

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