São Paulo, sábado, 26 de outubro de 1996 |
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Diretor realiza obra da inquietação
EDUARDO SIMANTOB
Ao chamar Timothy Leary de "babaca", Rooks fazia eco aos avisos dos escritores Aldous Huxley e William Burroughs. Huxley lhe dizia que os alucinógenos sempre foram guardados pelos feiticeiros, dos druidas celtas aos "brujos" mexicanos. E assim deveriam continuar, chamando de feiticeiros modernos a restrita casta de intelectuais e cientistas. Burroughs foi mais além, profetizando que, quando as drogas se massificassem, transformariam-se no mais poderoso instrumento de controle do pensamento a serviço de "democracias totalitárias", bem na medida do "Admirável Mundo Novo" vislumbrado por Huxley em 1930. Vistos na sequência, "Chappaqua" e "Sidarta" são filmes autobiográficos. No primeiro Rooks relata seu processo de desintoxicação por sonoterapia. Rooks foi tratado na Suíça, mas escolheu a França como locação por entender que as inquietações que moviam a "beat generation" eram consequência direta das experiências do surrealismo e dadaísmo franceses. "Sidarta", que rendeu a Rooks seu segundo Leão de Prata em Veneza, é uma transcrição literal do livro de Herman Hesse, descoberto postumamente nos anos 60. A busca pelo caminho individual ao nirvana, embalada pela trilha original de Ravi Shankar, dá a pista do que tomou conta da mente de Rooks no vácuo dos químicos. Impressiona, mais que a história, o trabalho de Sven Nykvist, o inseparável diretor de fotografia de Ingmar Bergman. Em "Chappaqua" Rooks também não descuidou do visual. Robert Frank assina a câmera, buscando reproduzir a experiência alucinógena por meio óptico. Filme: Sidarta e Chappaqua Quando: hoje, às 15h, no Masp, e às 21h30 no cine Paulistano, respectivamente Texto Anterior: Conrad Rooks fala de uma outra América Próximo Texto: Jorge Amado deve receber alta amanhã Índice |
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