São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 1996
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Estudante passará por exame de sanidade

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARÍLIA

O advogado Ovídio Nunes Filho, 38, disse ontem que vai pedir exame de sanidade mental no estudante de medicina Haroldo Alves de Andrade Filho, 22, acusado pela Polícia Civil de ter planejado o assassinato de seus pais.
O crime aconteceu anteontem de madrugada, no centro de Marília (443 km de São Paulo), numa casa alugada por Andrade Filho.
O procurador do Estado aposentado Haroldo Alves de Andrade, 66, e sua mulher, a dona-de-casa Flora Madalena Andrade, 63, foram degolados no quarto da casa.
Os acusados são o filho adotivo do casal, Andrade Filho, o estudante de direito Luciano André dos Santos Brito, 23, e o pedreiro Henrique José Gonçalves, 22.
O motivo do crime teria sido a oposição da família ao namoro e casamento do filho com Alessandra André dos Santos, 19. A polícia diz que o estudante também tinha a intenção de se apossar da herança da família (ele é filho único e foi adotado quando bebê) e de três seguros no valor de R$ 500 mil.
Os três estão presos na Cadeia Pública de Marília. Eles podem ser condenados de 12 a 30 anos de prisão. Por ser considerado crime hediondo, não têm direito de responder em liberdade.
"Senti que o rapaz está com algum problema de origem psicológica", afirmou Nunes Filho.
Para ele, a alegação de insanidade mental não muda a situação do cliente. Segundo Nunes Filho, a intenção é esclarecer uma suspeita.
O advogado afirmou que, ao visitá-lo ontem na prisão, o rapaz lhe exigiu que a carne servida em sua refeição diária fosse apenas filé mignon. "Achei estranha essa exigência e ele falou que vai exigir seu casamento em 25 dias com Alessandra", afirmou.
Alessandra confirmou que seu casamento com o estudante será realizado. "Eu o amo e não vou abandoná-lo", disse ela.
Confusão
O advogado disse que a morte do casal Andrade, que morava em São Paulo, está "muito confusa". Ele acusou a polícia de ter "pressionado" os três a confessarem o crime.
O delegado Mauro Ortega Golin, que trabalhou no caso, negou a acusação. "As provas foram abundantes. Não há o que contestar", afirmou Golin.
Segundo o delegado, o inquérito sobre o crime deverá ser concluído em dez dias.
No inquérito, a degola do casal é atribuída ao estudante Luciano André dos Santos Brito, irmão de Alessandra André dos Santos, namorada de Andrade Filho.
Até a tarde de ontem, a polícia ainda não havia conseguido achar a faca de cozinha usada para cortar o pescoço do casal. A faca teria sido jogada num matagal na periferia de Marília.

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