São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 1996
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Tubarão ataca dois surfistas de 16 anos

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Dois estudantes foram atacados ontem por tubarão, quando surfavam na praia de Barra do Jangada, em Jaboatão dos Guararapes (18 km de Recife), em Pernambuco.
As vítimas, Gilvan Jaime de Freitas Júnior, 16, e Luiz Henrique Messias, 16, sofreram lesões graves nas pernas, foram operadas e não correm risco de vida.
O ataque -o primeiro do ano em Pernambuco- ocorreu de manhã, numa das áreas consideradas "de risco" para a prática do esporte. Há dois anos, o surfe está restrito no Estado a determinadas praias, por causa dos tubarões.
Segundo o especialista em tubarões da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), Fábio Hazin, nos últimos quatro anos 22 pessoas foram atacadas por tubarões no litoral do Estado. Seis delas morreram.
Júnior e Messias disseram que sabiam do perigo, mas decidiram arriscar porque não tinham notícias de novos ataques na região havia mais de um ano.
"Saímos às 8h30, com mais dois amigos, e estávamos sentados nas pranchas, a uns 30 metros da arrebentação, quando senti um puxão na perna", disse Júnior.
A princípio, o garoto pensou que era vítima de uma "brincadeira" dos amigos, porque não sentia dor. "Só vi que estava ferido quando consegui me livrar."
Fratura e esmagamento
Júnior sofreu fratura no perônio e teve parte da musculatura, artérias e nervos da perna esquerda seccionadas, disse o médico Carlos Alberto Figueiredo, 40, responsável pelo atendimento aos surfistas.
A mordida, afirmou, provocou grande perda de sangue e deixou uma lesão em forma de "U", com cerca de 30 centímetros de extensão. "Foi um ferimento grave, semelhante ao que ocorre em casos de esmagamento", disse.
A diferença, afirmou o médico, foram os cortes "serrilhados" e a "arcada definida" na perna e na coxa, marcas típicas de um ataque de tubarão.
As mesmas marcas foram encontradas na perna direita de Messias, atacado logo após Júnior sair do mar com a ajuda de uma onda.
"Ele ficava me puxando para baixo, enquanto eu gritava", disse o surfista à Agência Folha. "Quando ele me soltou, deitei, e uma onda me levou até a areia." Nenhuma das vítimas soube dizer qual era o tamanho do tubarão.
Na praia, os estudantes foram socorridos por pescadores e levados ao Hospital da Restauração, em Recife, onde, no início da tarde, foram operados.
Durante a cirurgia na perna de Júnior, os médicos encontraram um pedaço de dente de tubarão, com cerca de 1,5 cm, cravado na musculatura da coxa. A peça será entregue a especialistas para identificação da espécie.
Segundo o médico, Júnior deverá apresentar sequelas em consequência do ataque. "Ele vai arrastar o pé e terá que fazer fisioterapia por até um ano", disse.

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