São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 1996
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Reichenbach lembra influência de Sugawa

MURILO GABRIELI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Responsável pela apresentação do cineasta Eizo Sugawa na abertura de debate promovido sábado pela Folha e a 20ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o diretor Carlos Reichenbach preferiu não discorrer sobre a obra do mestre japonês, mas sobre o impacto que ela teve sobre toda uma geração de cinéfilos paulistanos.
Participaram ainda do evento o também cineasta Kohei Oguri, o crítico de cinema da Folha Inácio Araujo e o organizador da Mostra, Leon Cakoff. Antes, foram projetados os filmes "Raros Sonhos Flutuantes" (de Sugawa) e "O Homem que Dorme" (de Oguri).
Reichenbach lembrou o início de seu envolvimento como o cinema nipônico, motivado pelo seu interesse em zen budismo.
Falou da influência sobre sua obra dos filmes de Sugawa e de outros realizadores daquele que era, em sua opinião, nos anos 60, "um dos dois melhores do mundo".
Lamentou, também, a decadência da indústria cinematográfica japonesa, que chegou a produzir 400 filmes por ano, há três décadas, e manter cinco salas exclusivas de projeção em São Paulo.
Os diretores nipônicos apontaram razões de ordem econômica para esse declínio. Segundo Sugawa, os grandes estúdios se tornaram "empresas imobiliárias", que alugam as salas de projeção, localizadas em pontos valorizados do país, pela melhor oferta.
Contrariando a expectativa de Reichenbach, elogiou a atuação de seu antigo estúdio, a Toho, nos anos 60. Sugawa diz ter sempre tido liberdade de criação, com a vantagem de não ter que se preocupar com o financiamento.
Oguri destacou a necessidade da busca de fontes alternativas de recursos. Deu como exemplo a participação de uma província do país na produção de seu filme -segundo ele o Estado japonês teve até hoje pequeno papel como fomentador do cinema.
Criticou a invasão do cinema norte-americano -que oferece um produto padronizado para todos países, sem atentar para necessidades regionais- e a frivolidade da geração mais nova, mais interessadas em produtos importados do que em se ver na tela.
(MuG)

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