São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 1996
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Autor recusa mundanismo dos romances

DA REPORTAGEM LOCAL

Por que um escritor abandona sua arte?
O "caso" Campos de Carvalho se incorpora em uma tradição que persegue tanto o brasileiro Raduan Nassar ("Um Copo de Cólera" e "Lavoura Arcaica") quanto o norte-americano J.D. Salinger, autor de "O Apanhador no Campo de Centeio".
Como o próprio Campos de Carvalho fala, não há muitas explicações para o abandono. Ainda mais quando se pensa que a crítica brasileira, ainda que um pouco atônita, nunca se negou a reconhecer, no mínimo, a sua originalidade.
"Como você me encontrou aqui, quem mostrou para você meus livros?", são as perguntas que se ouve quando se pede para conversar sobre sua obra.
Durante os anos 60, quando lançava seu último romance, uma geração de cineastas brasileiros -especialmente em São Paulo, entre eles Carlos Reichenbach- o descobria e o adotava, reconhecendo o quanto há de cinematográfico em sua narrativa.
Campos de Carvalho, tanto quanto a literatura, recusa o mundanismo que os romances trazem para seu autor, como fala seu personagem de "A Chuva Imóvel".
"Gostaria de saber o que significa tudo isso, todo esse barulho por nada como se já estivéssemos no Dia do Juízo. Eu, pelo menos, não recebi nenhum aviso. Ou vivo recebendo tão amiúde que não vejo motivo para essa fraternidade súbita, todos se rindo e se falando ao mesmo tempo."

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