São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 1996 |
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Comentário infeliz; Trabalho infantil; Voto negro; Coerência; Crítica teatral; Crianças em perigo; Desagrado Comentário infeliz "Na sua coluna de 27/10, o jornalista Janio de Freitas investe contra o ministro Paulo Renato Souza que, por mera retaliação contra a UNE, teria ameaçado não liberar os diplomas dos estudantes que faltarem ao 'provão'. Desconhece o sr. Janio de Freitas que isso não é uma ameaça do ministro, mas sim um dispositivo da lei? Desconhece o ilustre colunista que a lei nº 9.131/95 introduziu dispositivo na Lei de Diretrizes e Bases para, explicitamente, exigir o exame nacional de curso como condição para a obtenção do diploma de curso superior? Saberá o sr. Janio que, ao contrário de uma imposição do ministro da Educação e do Desporto, a instituição do exame foi discutida no Congresso Nacional ao longo de quase dez meses antes de se tornar imposição legal? É claro que a realização do exame tal como exigido por lei encontra resistências, da mesma forma que outras mudanças que o país precisa promover. A respeito dessas resistências, seria bom que o colunista lesse o artigo assinado pelo ministro e publicado na página 3 do mesmo número da Folha que trouxe o seu infeliz comentário sobre o 'autoritarismo' do ministro. Ali encontrará muitas das informações que precisa para falar com seriedade sobre o assunto." Edson Machado de Sousa, chefe do gabinete do ministro da Educação e do Desporto (Brasília, DF) Resposta do jornalista Janio de Freitas - Impossibilitado de responder de imediato, o farei ao retomar a coluna, ainda nesta semana. Trabalho infantil "Cumprimentos à Folha pela excelente reportagem sobre trabalho infantil (27/10). Recentes pesquisas revelam que 85% da população carcerária do Estado de São Paulo é analfabeta ou semi-analfabeta. Combater o trabalho infantil significa empregar mais adultos, colocar mais crianças na escola, combater preventivamente a violência e sobretudo eliminar essa chaga que é fundamental para que nós recuperemos a auto-estima." Oded Grajew, diretor-presidente da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança (São Paulo, SP) Voto negro "O 'apoio de negros ao PT', como noticiou a Folha em 26/10, carece de alguns esclarecimentos. Em primeiro lugar, quem 'apóia' o PT no segundo turno não são os negros da cidade de São Paulo; estes, em sua esmagadora maioria, votam em Pitta. Em segundo lugar, o MNU, originalmente uma frente, hoje é o braço negro do PT, fala, quando muito, em nome dos negros do PT, muitos dos quais também já estão votando em Celso Pitta. Em terceiro lugar, é falsa a afirmação de que Pitta nunca manifestou qualquer tipo de compromisso com a população negra. Em quarto lugar, as pessoas que aparecem na foto fazendo tal aleivosia são militantes das cidades de Salvador e Rio de Janeiro. Finalmente, se tais militantes querem realmente 'peitar' quem está contra a população negra, deviam começar pelo presidente nacional do PT, José Dirceu, que é pública e notoriamente contra a organização do voto negro." Helio Santos, do Núcleo de Estudos Interdisciplinares do Negro Brasileiro da USP -Universidade de São Paulo (São Paulo, SP) Coerência "Dois estilos, duas opções, duas visões: Casagrande, crítico consciente e um dos inspiradores da 'democracia corintiana', optou por Erundina; Maguila, cuja (única?) grande qualidade é esmurrar, com força e violência, seus adversários, prefere o malufista Pitta. Certamente ambos têm razão e são coerentes em suas decisões." Caio Navarro de Toledo, professor de ciência política da Unicamp -Universidade Estadual de Campinas (São Paulo, SP) Crítica teatral "O conservadorismo, a senilidade e a cegueira têm impedido que alguns críticos realizem seu trabalho com imparcialidade e inteligência. Chegamos a um ponto em que a crítica nada mais significa para as platéias -ou para os artistas. Lemos cotidianamente nos jornais palavras de ordem da crítica, verdadeiros exercícios de autoritarismo. Em vez de serem um trabalho prospectivo da obra, refletem apenas vaidade e frustração, que nem um século inteiro de psicanálise resolveria. A crítica imparcial e generosa -aquela que não pode ser comprada com um jantar ou bilhete aéreo para a Europa- deve ser a todo custo preservada e cabe aos artistas conferir-lhe importância. A outra crítica, aquela que é venal e viciada, deve ser denunciada, revelada, divulgada com toda veemência a fim de preservar a indispensável liberdade de criação do artista." Ulysses Cruz, diretor de teatro (São Paulo, SP) Crianças em perigo "Os maus-tratos e o abuso sexual de crianças e adolescentes são frequentes no Brasil como em todos os países. No entanto, ainda engatinhamos. Governos, justiça, órgãos de segurança e a maior parte da população ainda crêem que essas situações de violência doméstica só ocorrem entre miseráveis e que os autores são psicopatas bem reconhecíveis. A opinião pública ainda tem caminhado entre a omissão e busca de soluções puramente policiais." Lauro Monteiro Filho, presidente da FIA -Fundação para a Infância e Adolescência (Rio de Janeiro, RJ) Desagrado "Venho manifestar meu desagrado pela posição omissa e mesmo cúmplice que a linha editorial da Folha vem tendo frente à cassação de direitos adquiridos dos aposentados e servidores públicos federais por medidas provisórias sumárias que o governo (Executivo) faz entrar em vigor na data de sua publicação ao arrepio da lei." Paulo Sérgio Werneck (Taubaté, SP) Texto Anterior: A violência e o direito de defesa Próximo Texto: ERRAMOS Índice |
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