São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 1996 |
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Aki Kaurismaki refresca seu humor
AMIR LABAKI
Seu cinema perdera o frescor e a originalidade de filmes como "Ariel" (1988) e "A Mocinha da Fábrica de Fósforos" (1989). "Tatjana" (1994) o pôs de volta ao circuito, sem maior euforia. Agora, "Nuvens Passageiras" devolve-o a melhor forma. Tanto que, de toda sua obra, foi o primeiro real sucesso de bilheteria em seu país natal. "Nuvens Passageiras" é uma comédia sobre um problema social também da Europa hoje: o desemprego. Um casal (Kati Outinen e Kari Vaananen) vai quase simultaneamente para o olho da rua. O filme concentra-se na luta deles por manter um mínimo de dignidade e de companheirismo numa situação de crescente penúria. "Frisei mais o aspecto psicológico do que o econômico", reconhece Kaurismaki. O diretor de "Crime e Castigo" (1983) aguçou o humor de seu texto, mantendo o mesmo estilo minimalista. O universo tampouco mudou, sendo povoado por personagens absolutamente comuns condenados à sobrevivência num mundo frio e inóspito. Kaurismaki tornou seu cinema mais leve, sem perder a contundência. "Nuvens Passageiras" é um filme aparentemente simples, mas sob a forma de uma fábula otimista põe o dedo numa das feridas deste final de século. Saiu de mãos abanando da disputa em Cannes-96, mas é um dos inegáveis triunfos do ano. (AL) Filme: Nuvens Passageiras Quando: hoje, às 21h30, no Masp Texto Anterior: 'Três Vidas' experimenta com vanguardas e curtas Próximo Texto: Festiva começa com metáfora Índice |
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