São Paulo, quinta-feira, 31 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nota de reitores critica o provão do MEC

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O reitores de universidades públicas e particulares do país estão, desde ontem, assumindo posição aberta de questionamento ao provão -o exame que o Ministério da Educação realiza pela primeira vez no próximo dia 10, com estudantes de último ano de administração, direito e engenharia civil.
Ontem, o Crub (Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras), que representa 114 instituições, divulgou moção em que manifesta "preocupação com o mecanismo a ser implantado pelo governo federal, objetivando avaliar os cursos de ensino superior".
Mas afirma que os reitores são "contrários à forma como vem sendo concebida (essa avaliação), por entender que a mesma poderá se constituir em um fator desagregador e não elemento de união entre as instituições, qualificador do processo acadêmico na sua multidimensionalidade".
Artificial
"Esse exame está ficando uma coisa meio artificial. O aluno vai poder fazer o seu curso e, no último semestre, algum cursinho para ir bem no provão. Aí, o que os resultados vão poder mostrar?", diz o presidente do Crub, José Martins Filho, reitor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
"Mas vamos realizar a prova e depois discutimos", acrescenta.
A colocação de Martins resume um dos principais questionamentos que vêm sendo feitos à prova.
O MEC argumenta que o provão vai avaliar se os alunos conhecem os conteúdos básicos do curso.
O problema é que as universidades consideram que sua atividade didática com os estudantes não se limita a transmitir esses conteúdos básicos -e há, inclusive, bastante discordância sobre quais seriam esses conteúdos básicos.
O MEC responde que o provão é parte de um sistema maior de avaliação. Assim, os resultados do provão seriam apresentados junto -ou cruzados- com outros indicadores de qualidade do curso.
Só que o exame ganhou tal destaque que acabou gerando uma reação contrária à possibilidade de ocorrer uma comparação de instituições apenas com esse indicador.
Isso explica, por exemplo, por que o ministro Paulo Renato Souza vem tentando, nos últimos dias, dar garantias de que não permitirá a formação de um ranking.
Para o MEC, o provão só levantará resultados confiáveis se todos os alunos fizerem o exame. Só que isso também cria mais problemas: a obrigatoriedade do provão fere o princípio constitucional da autonomia universitária -segundo reitores e entidades estudantis.

Texto Anterior: 3.000 morrem em Pernambuco
Próximo Texto: Ministro rebate críticas on line
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.