São Paulo, sexta-feira, 1 de novembro de 1996
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S. Paulo pretende federalizar o Banespa

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo de São Paulo pretende federalizar o Banespa na negociação para rolagem da dívida de cerca de R$ 60 bilhões do Estado, que está sendo feita com o Ministério da Fazenda e o Banco Central.
O acerto prevê que São Paulo pague com ativos reais, como imóveis e empresas estaduais, o equivalente a 20% da dívida junto à União, estimada em R$ 20 bilhões.
O restante seria refinanciado em até 30 anos. Esse acerto somente é possível com a incorporação do Banespa pelo governo federal.
O governo de São Paulo acumula atualmente um débito de cerca de R$ 20 bilhões com o Banespa.
Com a federalização, a dívida do Estado com o banco seria transformada em obrigações junto ao Tesouro Nacional.
Prazo
É preciso encontrar uma solução para o banco paulista até o final deste ano, quando se encerra o Raet (Regime de Administração Especial Temporária) a que está submetido desde dezembro de 94.
Por esse regime, o BC está administrando o Banespa, embora o controle acionário permaneça com o governo paulista. A legislação em vigor não permite que o Raet seja prorrogado.
Ainda de acordo com a legislação, o regime só pode ser encerrado se o banco for capitalizado, liquidado, vendido ou federalizado.
Diante do pouco tempo que resta para um acordo envolvendo a capitalização, a federalização se tornou a saída mais provável.
Privatização
A Folha apurou que o acordo já tem o sinal verde do Palácio do Planalto, apesar de ainda enfrentar resistências da assessoria técnica do presidente do Banco Central, Gustavo Loyola.
O BC avalia que a federalização do Banespa poderia transformá-lo em mais um Meridional -banco federal sediado no Rio Grande do Sul, resultante da federalização do Sulbrasileiro.
Desde 1993, a atual equipe econômica tenta privatizar o Meridional, mas esbarra na oposição dos políticos gaúchos.
Pelo menos em um ponto o secretário da Fazenda de São Paulo, Yoshiaki Nakano, e os técnicos do BC concordam: a privatização ou a liquidação do Banespa são alternativas inviáveis no momento.
Por temer as eventuais repercussões políticas negativas no Congresso, o anúncio do acordo para o Banespa somente deve ser feito depois do segundo turno das eleições municipais.
Diferenciação O relator da proposta para refinanciamento da dívida mobiliária dos Estados, senador Carlos Bezerra (PMDB-MT), afirmou que o governo federal não pode fazer "diferenciação" entre os Estados.
O senador peemedebista se referia a um suposto privilégio que Minas Gerais e Rio Grande do Sul teriam obtido do governo federal ao conseguir definir o refinanciamento de suas dívidas com aval do Ministério da Fazenda.

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