São Paulo, sexta-feira, 1 de novembro de 1996
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Menina acorda com a cama pegando fogo

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a voz muito segura, Jessica Curci Nunes, 4, evoca a circunstância extraordinária com que acordou ontem de manhã: "Eu estava dormindo. Daí, começou a pegar fogo na minha cama."
"Minha casa inteira queimou. Foi por causa da asa do avião." Ela diz que levou um susto, mas não está muito triste. Pedirá que sua mãe lhe dê agora de presente um "brinquedo de carrossel".
"Meu cabelo pegou fogo", também diz, sobre os efeitos do acidente do Fokker em seus cabelinhos longos e negros. Só não menciona a queimadura superficial nas costas que a levou a passar parte da manhã hospitalizada.
Jessica morava com os pais e um tio no apartamento de seus avós. O pequeno prédio foi inteiramente destruído. Só ela e a avó, Maria Luíza, estavam em casa no momento do acidente.
Magu, um dos cachorros, conseguiu escapar vivo. O outro cachorro, Catito, morreu no incêndio.
Vanderléia Pereira do Nascimento, 17, também dormia e foi acordada pela queda do avião. Ela mora numa casa térrea.
Ouviu o estrondo e os gritos de uma vizinha. Saiu de camisola e viu "o fogo bem próximo, com a casa da frente já desabando e os fios dos potes se incendiando".
Ela e sua casa nada sofreram. Mas sua mãe, Lindalva, costureira e naquele momento em seu trabalho, em Vila Mariana, entrou em estado de choque. Passou algumas horas se acalmando no Hospital Municipal do Jabaquara.
Também foi grande o susto de André Ricardo Leão de Paula Pinto, 22. Ele é analista de sistemas e funcionário da Itaú Seguros. Foi surpreendido pelo acidente quando ia trabalhar com seu Gol.
"Tudo pegava fogo ao redor. Entrei em pânico. Não conseguia me liberar do cinto de segurança. Finalmente, consegui sair do carro e percebi que estava junto a um pedaço de asa de avião."
André conseguiu voltar ao automóvel para apanhar o extintor de incêndio e proteger seu Gol do fogo que se espalhava pelo asfalto.
Respirou muita fumaça. Seus cabelos queimaram um pouco do lado esquerdo. Foi socorrido e também levado ao Hospital do Jabaquara, onde inalou oxigênio e foi liberado em menos de três horas.

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