São Paulo, sábado, 2 de novembro de 1996
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Eleição mudará pouco relação dos EUA com os aliados

MELVYN LEVITSKY
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nesta terça-feira, 5 de novembro, dezenas de milhares de cidadãos dos EUA irão às urnas com uma missão que se traduz no alicerce fundamental da sociedade norte-americana: a eleição por voto secreto de seu representante máximo, o presidente.
Também neste dia, os americanos escolherão os novos ocupantes da Câmara dos Deputados, um terço do Senado, 11 governadores, além de representantes estaduais e municipais.
No âmbito internacional, a eleição mantém sua tradição de servir de exemplo de democracia, fortalecendo, aos olhos de outros países, o valor de um sistema de governo aberto, livre, voltado à vontade de seu povo.
No contexto histórico, as eleições de 1996 têm um significado singular: o candidato vitorioso estará comandando os Estados Unidos na virada do século 21.
Qualquer que seja o resultado das eleições de 1996, com a reeleição do presidente Bill Clinton ou a vitória do candidato republicano Bob Dole, acredito que entraremos neste novo século relativamente com poucas mudanças no sólido relacionamento dos Estados Unidos com seus aliados.
Com o colapso do comunismo no final da década passada no Leste Europeu e na ex-União Soviética, muitos países distanciaram-se da bipolarização que marcou o mundo durante a Guerra Fria e tomaram o rumo da globalização, buscando a integração de seus mercados, a abertura comercial e o aumento da produção e oferta de empregos.
O relacionamento dos Estados Unidos com a América Latina e outras áreas do mundo neste momento segue esta tendência.
Nossos laços com a América Latina foram reforçados com a Cúpula das Américas, em Miami, em dezembro de 1994, quando 34 líderes de democracias do hemisfério traçaram meta comum de formar a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), até 2005.
Já implementamos o Acordo de Livre Comércio na América do Norte (Nafta), com a ampla troca de produtos e serviços entre Estados Unidos, Canadá e México.
Devemos seguir em frente com a meta de criar mercado hemisférico comum englobando mais de meio bilhão de consumidores.
As eleições deste ano coincidem com um momento político único na história da América Latina, hoje, um continente de democracias em desenvolvimento.
Com apenas uma exceção, podemos nos orgulhar de ver na quase totalidade das nações do hemisfério ocidental a busca vigorosa da prosperidade, da justiça, dos direitos humanos e do bem-estar social. Vemos, cada vez mais em nossos vizinhos latino-americanos, o potencial para uma integração plena.
Além da Alca, temos outros projetos comuns que exigem intensa cooperação, como o combate ao crime organizado e abuso de drogas, a proteção ao meio ambiente e a defesa dos nossos ideais democráticos.
Nos últimos anos, o Brasil tem se destacado por sua liderança em vários assuntos internacionais, tanto na área de comércio como na diplomacia, no avanço do Mercosul, nas negociações de reconciliação entre Peru e Equador, ou em operações de manutenção da paz, como em Angola.
Brasil e EUA nunca tiveram um relacionamento tão positivo, e os dois países conhecem as vantagens de uma verdadeira parceria.

Melvin Levitsky é o embaixador dos Estados Unidos no Brasil

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